Entrevistas
Pablo Sucupira reage à fase turbulenta da Fighting Nerds: “O conto de fadas acabou”
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por
Diego Ribas, em Las Vegas (EUA)
Após uma ascensão meteórica no cenário do MMA mundial, a equipe brasileira ‘Fighting Nerds’ vive um momento de reavaliação. Considerada uma das grandes sensações recentes do esporte, a academia liderada por Pablo Sucupira vem de três derrotas consecutivas com nomes importantes do plantel: Caio Borralho, Maurício Ruffy e Jean Silva. Todos perderam a invencibilidade no Ultimate e, com isso, os questionamentos começaram a surgir.
No entanto, para o treinador, esse momento não representa uma queda, mas sim uma oportunidade de amadurecimento. Em entrevista à equipe de reportagem da Ag Fight, o comandante reconheceu que o time estava vivendo um “conto de fadas”, impulsionado por uma sequência de vitórias e ascensão rápida. Segundo ele, as derrotas funcionam como um alerta necessário para realinhar metas e corrigir rotas.
“O que eu posso dizer é que o conto de fadas acabou. Isso é uma certeza. A gente estava vivendo algo que não existe no esporte. Não existe nenhum time que não perde, não existe nenhum atleta que não perde. Botamos os pés no chão. Acho que a gente foi até muito longe nesse conto de fadas de que a gente vai ganhar tudo. Acho importante as derrotas. Como eu já falei algumas vezes: não é saudável para nenhum time só vencer. Acho que todos os times precisam da derrota para se entender, se estruturar e resolver alguns problemas que, na vitória, a gente não quer tocar”, destacou.
Palavra de ordem: continuar
A trajetória da equipe é recente, mas intensa. Desde a estreia no UFC, há pouco mais de três anos, o time acumula cerca de 30 combates na principal organização do planeta, segundo o líder do time, — número expressivo para uma academia tão jovem. Em 2024, esse impacto foi reconhecido com o prêmio de ‘Academia do Ano’ no ‘World MMA Awards’, considerado o ‘Oscar do MMA’, e novamente está entre os indicados na edição de 2025.
Sucupira reconhece que o sucesso repentino trouxe desafios estruturais e de comunicação interna, que agora precisam ser enfrentados com maturidade e união. O momento, segundo ele, é de reconstrução emocional e técnica, sem perder de vista os objetivos maiores.
“A derrota abriu espaço pra gente baixar a guarda um pouquinho e, basicamente, acho que é uma expectativa do mundo: saber se a gente vai se unir ou se vai quebrar. Então, mais do que apontar erros ou culpados, agora é hora de juntar o time. Meu trabalho principal é esse — unir todo mundo, fazer com que um corra pelo outro, torça pelo outro. É assim que vamos seguir em frente”, explicou.
Na visão do treinador, falar em “reerguer” seria exagero, já que os atletas seguem em grande fase, mesmo com os reveses recentes. Ele cita, por exemplo, Caio Borralho, que vinha de nove vitórias consecutivas até ser superado pelo número 2 do ranking em uma luta equilibrada de cinco rounds.
“Vai falar de se reerguer? Não. Vamos falar em corrigir um pouquinho e continuar. Não é volta, a gente vai seguir. A palavra de lei para nós é ‘continuar’, com os ajustes necessários. Chegamos a um ponto em que algumas coisas precisam ser refinadas, e é isso que vamos fazer. Vamos continuar nossa jornada, porque ainda vamos ser campeões”, finalizou.
Agora, a Fighting Nerds se prepara para mais um grande desafio no octógono. No UFC 322, no dia 15 de novembro, Carlos Prates volta à ação para encarar o ex-campeão Leon Edwards em uma das lutas mais importantes de sua carreira. Conhecido como o ‘Pesadelo’, o meio-médio (77 kg) também teve sua invencibilidade quebrada em 2025, mas respondeu à altura na sequência, com um nocaute fulminante sobre Geoff Neal. Sua trajetória recente pode servir de inspiração para os companheiros de equipe que buscam retomar o caminho das vitórias.
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Natural do Rio de Janeiro, Geovanne Peçanha se formou em jornalismo na Facha (Faculdades Integradas Hélio Alonso). Com passagens por Lance!, CBF TV, FERJ e outros, é um fanático por esportes. Ex-praticante de Muay Thai, se apaixonou pelo MMA.