Com vitórias marcantes, atletas invictos e uma ascensão meteórica no UFC, a ‘Fighting Nerds’ viveu um início de trajetória que rapidamente chamou a atenção do cenário mundial do MMA. No entanto, a temporada de 2025 apresentou um roteiro diferente para a equipe comandada por Pablo Sucupira, exigindo uma leitura mais crítica do momento vivido pelo time.
Em sequência, os principais nomes do elenco — Caio Borralho, Jean Silva, Carlos Prates e Maurício Ruffy — sofreram suas primeiras derrotas no Ultimate. Os resultados colocaram fim à aura de invencibilidade e trouxeram questionamentos naturais sobre desempenho, evolução técnica e, consequentemente, sobre o futuro desses atletas dentro da academia.
As derrotas fizeram com que a Fighting Nerds passasse a ser observada com mais atenção por analistas e pelo público. Em meio às contestações, cresceu a especulação sobre a possibilidade de alguns lutadores buscarem novos centros de treinamento, prática cada vez mais comum no MMA de alto nível e vista, hoje, como parte do processo de amadurecimento esportivo.
Para Sucupira, porém, essa discussão precisa ser encarada com maturidade e sem apego a conceitos ultrapassados. O treinador, em entrevista ao podcast ‘Direto de Vegas‘, novo projeto da Ag Fight, defende que a relação entre atleta e equipe deve ser pautada pela evolução constante, e não por cobranças emocionais que possam limitar o crescimento profissional.
“Esse lance de que atleta não muda de equipe é uma coisa que ficou no passado. Não tem espaço pra isso mais. Eu acho que é injusto. Imagina eu botar esse peso nas costas de um atleta que está tentando ser bem-sucedido na vida. Daí o atleta deixa de ser bem-sucedido pra não ficar mal comigo? O que isso me obriga? Me obriga a melhorar como treinador. Minha maior missão hoje é ser a melhor opção pros meus atletas. Se eu não for, entendo que ele busque a melhor opção. Mas, da minha parte, o que eu vou fazer? Melhorar, estudar e evoluir”, explicou o comandante da equipe.
Mente aberta
A filosofia do head coach é clara: o atleta vem em primeiro lugar, acima de qualquer vínculo institucional. Segundo ele, é natural que, em determinado momento da carreira, o lutador sinta a necessidade de uma atenção diferente ou de novos estímulos, algo que faz parte do processo de crescimento no esporte de alto rendimento.
“A gente cria filho para o mundo. Então, assim, se algum atleta for sair da Fighting Nerds, vou ficar feliz e vou ajudar no que puder. Quero que a semente que a gente começou aqui voe o mais longe possível. Eu falava muito isso com o Caio (Borralho): ‘Eu prefiro que você dê certo em outra academia do que a gente dê errado junto. Se tiver algum lugar que você acha que seja melhor pra treinar do que aqui, vai’“, disse o treinador, reforçando o tom humano de sua gestão.
Indicativo ou tendência?
O caso de Maurício Ruffy ilustra bem esse cenário de abertura e troca de experiências. Com luta marcada para o UFC 325, no dia 31 de janeiro, em Sydney, o peso-leve (70 kg) revelou que parte de seu camp será realizada na Austrália, ao lado de nomes como Alexander Volkanovski e Israel Adesanya, dois dos maiores nomes da atualidade.
Além disso, Ruffy esteve recentemente na Tailândia, onde treinou na renomada Bangtao Muay Thai, o que intensificou rumores sobre uma possível mudança definitiva de equipe. O próprio atleta, no entanto, tratou de afastar as especulações, afirmando que a decisão se resume à busca por novos aprendizados, sem qualquer intenção de deixar a Fighting Nerds.
Sucupira também fez questão de reforçar a importância dos atletas na construção da identidade da equipe ao longo dos últimos anos. Ao comentar a situação de Ruffy, destacou não apenas o lado profissional, mas o vínculo humano criado ao longo da convivência diária, algo que considera essencial para a longevidade do projeto.
“Eu falei para o Ruffy: ‘Muito do que a Fighting Nerds é, a gente deve a você também. Você é um cara que fez muito pelo time. O que eu mais quero é te ver feliz’. (Se ele disser): ‘Não dá pra continuar’, eu vou argumentar, porque eu acho que tem caminho na Fighting Nerds pra gente trabalhar junto, mas, mais importante do que isso, esses caras… eu tenho uma história muito grande com eles. Eu quero ver esses caras bem”, revelou.
Em um momento de transição e reflexão, a Fighting Nerds se vê diante de um teste importante para sua consolidação no cenário internacional. Entre ajustes internos, questionamentos externos e experiências fora de casa, a equipe tenta reafirmar um princípio que seu treinador faz questão de sustentar: no MMA moderno, evoluir é uma escolha constante, e não um endereço fixo.
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