Entrevistas
Norma Dumont reclama de falta de rivais no UFC: “Categoria travada”
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Diego Ribas, em Las Vegas (EUA)
De casa nova após oficializar sua chegada na equipe ‘Chute Boxe Diego Lima’, Norma Dumont agora aguarda uma definição sobre o seu futuro no UFC. Bem posicionada no ranking peso-galo (61 kg) da organização, onde aparece no quarto lugar do top 5, a lutadora mineira, ao que tudo indica, está a uma vitória de se credenciar para uma disputa pelo título da categoria. Porém, a falta de adversárias pode atrapalhar – ou pelo menos adiar – seus planos.
No final do ano passado, empolgada com a proximidade do topo da divisão, ‘The Immortal’ – como a mineira é conhecida – traçou como meta chegar no tão esperado ‘title shot’ ainda em 2025. Mas, para que seu planejamento desse certo, a lutadora tupiniquim já antecipava que seria necessário um maior movimento por parte das suas rivais de divisão melhor posicionadas no ranking nesta temporada – o que, até o momento, não vem acontecendo.
Assim, a nova atleta da academia Chute Boxe Diego Lima ainda aguarda uma definição sobre seu próximo compromisso no Ultimate, e não esconde sua frustração. Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag Fight, Norma relatou a dificuldade na busca por uma adversária para a luta que pode garantir seu primeiro ‘title shot’ na organização e deixou claro seu incômodo, principalmente com as rivais que, em sua visão, estariam ‘travando’ o topo da categoria, como a atual campeã Julianna Peña.
“Está uma situação muito complicada. O UFC queria Kayla (Harrison) vs Julianna (Peña). Parece que chegou a negociar, mas que a Julianna já está saindo fora de novo. A Kayla vai sentar e esperar mesmo, não quer outra luta que não seja essa – ou pelo título. Raquel Pennington, que era o que o UFC queria, meteu lesão – disse que está lesionada e só volta no final do ano. Não sei até que ponto isso é verdade, mas é a resposta que eu tive. Eu pedi para lutar com Ketlen (Vieira), então, já que a luta dela caiu. A resposta que eu tive do UFC é que provavelmente vai ser casado ela vs Macy (Chiasson) novamente”, relatou Norma.
A falta de oponentes faz com que Dumont olhe até mesmo para rivais posicionadas um pouco abaixo dela no ranking peso-galo do UFC. Porém, mesmo assim, a situação não parece ser favorável para a atleta mineira, que entende que as poucas opções disponíveis não fazem sentido para ela neste momento – seja por já ter vencido a adversária em questão, como Irene Aldana ou Karol Rosa, ou pelo momento vivido pela oponente em potencial, como no caso de Mayra Sheetara.
“Depois tem a Irene (Aldana), (Mayra) Sheetara, que vem de três derrotas seguidas, depois vem a Ailin (Perez), a argentina. E eu falei com o UFC: em último caso, se não tiver nada para fazer, me dá a argentina que não vai me posicionar (no ranking), mas pelo menos eu bato nela, seria uma diversão extra. Disse que também está lesionada, operou o braço, está fora. O restante está de luta casada. Ou seja, essa é a minha situação. A resposta que eu tive do UFC é: a gente precisa aguardar até a categoria desenrolar. Não sei o que vai ser. Realmente, a categoria está travada e eu não sei o que vai acontecer“, declarou a top 5 dos galos.
Ameaça ‘fantasma’?
Para além da categoria travada, uma ameaça ‘fantasma’ ainda pode atravessar o caminho de Norma Dumont e atrapalhar seus planos para uma possível disputa de título ainda em 2025. Com a campeã linear, aparentemente, fora de combate, uma solução para que a divisão siga em frente é a criação de um cinturão interino pelo UFC.
Caso aconteça, Kayla Harrison – número um do ranking e favorita ao próximo ‘title shot’ – deve ser confirmada como uma das protagonistas da disputa pelo cinturão interino. Já a outra escolhida pode sequer fazer parte do plantel de lutadoras da divisão neste momento, de acordo com a previsão da própria Norma, que vê na compatriota Amanda Nunes – ex-campeã do Ultimate e aposentada desde junho de 2023 – uma forte concorrente.
“Eu acho que a ideia do Mick (Maynard) é esperar um pouco a Pennington, para ver se ela volta, ou esperar a luta entre Ketlen e Macy. Existe a terceira via que é tirarem o título da Julianna caso ela não defenda o cinturão, que é o que eu espero que aconteça, ou pelo menos criar um interino. Mas ainda tem essa possibilidade da Amanda (Nunes) retornar nesse meio tempo para enfrentar a Kayla – a Amanda quer a Kayla, todo mundo sabe disso”, finalizou Dumont.
Aos 34 anos, Norma Dumont vive seu melhor momento na carreira. A brasileira – dona de um cartel de 12 vitórias e apenas duas derrotas no MMA profissional – venceu seus últimos cinco combates no octógono mais famoso do mundo e, mesmo com apenas dois deles válidos pela categoria dos galos, já garantiu uma vaga no top 5 da divisão, ficando próxima de um ‘title shot’.
Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.
