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Neiman Gracie admite perda de foco no jiu-jitsu, mas promete voltar às raízes no Bellator 290

Quando se carrega consigo o sobrenome da família responsável por difundir o jiu-jitsu pelo mundo, como é o caso de Neiman Gracie, existe uma enorme responsabilidade de mostrar que a excelência no jogo de chão continua sendo fundamental para o sucesso nas competições de MMA. No entanto, com o passar dos anos e a evolução da modalidade, se tornou imperativo que os lutadores adquiram conhecimento além de suas habilidades de origem. Porém, se não for bem administrada, essa adaptação à novas artes marciais pode ser inclusive prejudicial para a carreira dos atletas oriundos da arte suave, e o meio-médio (77 kg) do Bellator sabe bem disso.

Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag Fight (clique aqui), o membro da família mais famosa dos esportes de combate reconheceu que, durante o seu processo de evolução como lutador de MMA, acabou “se apaixonando” demasiadamente pela trocação e, com isso, deixou um pouco de lado suas raízes no jiu-jitsu, o que pode ter influenciado em alguns resultados negativos recentes.

“Acho que eu passei (focar demais na trocação e deixar o jiu-jitsu um pouco de lado) e também eu tive oponentes muito duros. Eu lutei com um cara muito bom de wrestling (Logan Storley), que estava muito difícil derrubar, então eu não tive outra opção senão ter trocado com ele cinco rounds. Já passei por isso, sim. A gente acaba se apaixonando também pelo striking. Mas não podemos esquecer do que a gente é bom, do que trouxe a gente até aqui”, revelou Neiman Gracie.

O encanto pela luta em pé, à medida em que evoluía na área, ganhou um combustível extra após o primeiro triunfo por nocaute da carreira, sobre Mark Lemminger, em setembro de 2021. O próprio Neiman admite que a emoção de vencer um combate deste jeito foi sentida de forma diferente por ele, que, até então, estava acostumado a ter seu braço erguido com vitórias por finalização. Apesar disso, o membro do clã Gracie afirma que os estrangulamentos e chaves do jiu-jitsu continuam no topo de sua lista de preferência.

“Foi diferente (a emoção de nocautear alguém), com certeza. Foi muito mais emotivo. Às vezes, eu ganho por finalização e não comemoro tanto. Mas quando eu ganhei por nocaute foi uma emoção muito grande. E foi muito mais fácil também. Eu não tive que derrubar, pegar as costas, passar a guarda, segurar, fazer força para estrangular. Eu acerto um soco ali, depois termina com os outros e rapidinho acaba o negócio. Mas eu ainda prefiro a finalização”, declarou.

E para corroborar sua afirmação, Neiman promete voltar às raízes neste sábado (4), quando entrará no cage do Bellator 290, na Califórnia (EUA), para enfrentar Dante Schiro, de olho em voltar à coluna das vitórias, depois de amargar duas derrotas consecutivas.

“Treinei muito mais grappling para essa luta, tentar derrubar mais. Vou procurar fazer mais grappling nessa luta do que eu estava fazendo antes”, prometeu o faixa-preta.

Aos 34 anos de idade, Neiman Gracie acumula 11 vitórias, nove delas por finalização e apenas uma por nocaute, e quatro derrotas em sua carreira no MMA profissional. O meio-médio busca se recuperar dos reveses sofridos diante de Logan Storley e Goiti Yamauchi, em suas mais recentes apresentações no cage do Bellator.

Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.

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