Há exatamente dez anos, Junior ‘Cigano’ alcançava o topo do mundo do MMA. Depois de três anos de Ultimate, período em que enfileirou sete adversários, o brasileiro se credenciou para disputar o cinturão dos pesos-pesados com Cain Velásquez, até então invicto na modalidade. Mas o status do americano durou apenas 64 segundos, quando uma sequência de socos do catarinense determinou o final da disputa.
Com uma década desta conquista histórica para o esporte brasileiro, a reportagem da Ag. Fight (clique aqui) entrou em contato com ‘Cigano’ para ele relembrar a data marcante de sua carreira. No entanto, se para superar Velásquez o brasileiro foi rápido e preciso, o lutador precisou superar problemas físicos para subir no octógono mais famoso do mundo.
“Aquele dia foi mágico na minha vida, incrível. Tudo aconteceu de uma forma incrível e eu era campeão do mundo. Foi muito especial. Nunca imaginei (que fosse ser tão perfeito). Dez dias antes eu machuquei meu menisco, fiquei sem caminhar e esticar a perna por uns dois dias e a gente não ia desistir. Fomos para a luta e foi tudo perfeito. Com um minuto e quatro segundos consegui colocar a mão nele e ser campeão. Sabia que era aquela chance, se a luta se prolongasse eu sentiria o joelho, mas estava bem e pensei que era só achar o momento e colocar a mão nele. E tudo deu certo. Fui campeão em cima de um cara que era invicto. Nunca vou esquecer”, disse o atleta.
“Tinha esperado tanto. Fiz uma lista de campeões e fui vencendo. Foi uma demora danada, quando eles não querem, não querem. Tive que derrubar várias paredes para chegar e quando cheguei acontece aquela lesão. Não é possível. Mas junto (com a equipe) decidimos ir em frente. Estava preparado. Estava nervoso, mal dormia, mas mesmo assim a gente continuava na fé e acreditando que ia dar tudo certo. No aquecimento até senti um pouco o joelho quando fui alongar, então mexeu muito com mina cabeça, mas não me impediu de nada. O que valia era entrar no octógono”, concluiu.
Com a expectativa alta perto de fazer a luta mais importante na carreira, ‘Cigano’ se apegou a outras situações para manter sua concentração e confiança e esquecer do problema no joelho, que o assombrou dias antes da data do combate. Foi aí que o lutador viu em uma canção do músico Roberto Frejat a saída para confiar ainda mais na conquista.
“Nunca contei isso para ninguém, mas no caminho da arena onde ia ser a luta eu entrei no carro, uma coisa que me aliviou e fui escutando até lá foi uma música do Frejat, chamada o ‘Túnel do Tempo’ e o refrão me marcou que era assim: ‘Eu sei que alguma coisa irá me salvar, o impossível me espera do lado de lá”. Essa música eu escutei o caminho todo e me trouxe um sentimento especial. Fixei no refrão, fiz minhas orações e cada vez acreditava mais (que seria campeão do UFC)”, revelou o lutador.
‘Cigano’ também pode se gabar de um feito inédito que aconteceu justamente no evento em que foi campeão. O show foi transmitido ao vivo pela TV Globo para todo o Brasil com direito a narração de Galvão Bueno, o principal locutor esportivo do país. De acordo com o brasileiro, a fala do narrador após seu título nunca vai sair da sua mente.
“Foi extremamente especial. Uma das coisas que corri depois da luta para ver o Galvão Bueno falando meu nome. E uma coisa que foi especial, até falei com ele isso, que ouvi aquele refrão umas 100 vezes, quando ele disse: ‘Junior ‘Cigano’, Junior ‘Cigano’ do Brasil’. Ele fala isso só para o Ayrton Senna. Fiquei arrepiado”, finalizou o peso-pesado.