Nos últimos anos, uma onda de kickboxers migrou para o MMA – sobretudo para o UFC – após o sucesso adquirido pela dupla Israel Adesanya e Alex Poatan. Faixa-preta de quinto grau e dez vezes campeão mundial na modalidade, Michael Page, recém-chegado ao Ultimate, explicou, em entrevista exclusiva à equipe de reportagem da Ag Fight, a vantagem que os strikers, em geral, obtém em relação aos demais competidores na principal organização do planeta.
Direto ao ponto, ‘MVP’, como é conhecido, elegeu o nocaute como o momento mais emocionante de um combate de MMA profissional – comparando, inclusive, a experiência com a de um gol em um jogo de futebol. Como possuem uma bagagem do mais alto nível mundial na trocação, os kickboxers tendem a protagonizar mais destas situações dentro do octógono. Tal cenário, na opinião de Page, explica o estrelato alcançado de forma mais rápida que o habitual por alguns strikers dentro do UFC.
“Acho que (temos sucesso) porque somos os lutadores mais emocionantes. Toda pessoa na plateia quer um nocaute. Se você juntar dois strikers ou dois wrestler no cage, a torcida ainda vai querer um nocaute. Eles querem que isso aconteça, e isso ‘obriga’ as pessoas a trocarem socos e chutes, até que alguém apague. Esse é o momento do ‘gol’ que todos esperam. Quando alguém marca um gol no futebol, todos pulam e comemoram, esse é o momento que todos aguardam (no MMA). Então faz sentido que os strikers sejam escalados para os grandes eventos, porque é onde eles entregam”, opinou o ex-atleta do Bellator.
Fórmula para prosperar no MMA
Nem sempre os strikers estiveram em alta como atualmente no MMA. Isso se deve, na análise de Page, a uma adaptação do estilo para uma nova modalidade – com representantes de outras artes marciais. Com uma espécie de ‘anti-jogo’, tentando anular os outros estilos de luta e manter o confronto em pé, os kickboxers tendem a levar vantagem e chegar mais rápido ao topo de suas categorias.
“O que está acontecendo agora é que… Ok, deixa eu começar dessa forma. Quando os Gracies começaram a era deles no jiu-jitsu, as pessoas faziam um ‘anti jiu-jitsu’, não superaram eles no jiu-jitsu. Aprendiam apenas a não serem finalizadas para conseguirem voltar para sua área. Acho que o mesmo acontece hoje em dia no MMA (moderno). A área que os strikers querem ficar é na trocação, então eles aprendem o ‘anti wrestling’ e o ‘anti jiu-jitsu’, para ficarem na sua área. Acho que é isso que tem acontecido. Quando algo muda, as pessoas aprendem o antídoto para aquilo, apenas para se manterem de pé. Eu não preciso ser melhor que você no jiu-jitsu, apenas preciso evitar a finalização e voltar para a minha área”, explicou o striker inglês.
Especialista na área, Michael Page colocará suas habilidades à prova novamente neste sábado (29), no UFC 303, em Las Vegas (EUA). Em sua segunda aparição na empresa presidida por Dana White, ‘MVP’ encara Ian Machado Garry, em um duelo que atrai bastante a atenção dos fãs. Em caso de triunfo, a ex-estrela do Bellator pode – em apenas duas lutas – se tornar top 7 entre os meio-médios (77 kg), provando seu ponto sobre o sucesso dos strikers nas artes marciais mistas.