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Entrevistas

Mente sã! Bruno Blindado explica como a ioga ajudou na preparação para o UFC 308

Vindo de cinco derrotas em seis lutas, três delas de forma consecutiva nos seus últimos compromissos pelo Ultimate, Bruno Blindado vive o pior momento de sua carreira. Por isso, antes de subir no octógono do UFC 308, neste sábado (26), em Abu Dhabi (EAU), para encarar Ismail Naurdiev, o peso-médio (84 kg) brasileiro decidiu fazer mudanças significativas na sua rotina de atleta profissional.

Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag Fight (clique aqui), Blindado relatou um acréscimo de compromissos no seu dia a dia, entre eles, a ioga. De acordo com o lutador paraibano, a prática originária da Índia o ajudou a superar uma fase complicada, além de ajudar a acalmá-lo, principalmente através do controle da respiração.

“Eu coloquei a ioga. Eu estava passando por uns problemas, que não quero falar sobre isso agora, mas aí eu conversei com um amigo meu, com psicólogo, e eles falaram: ‘Faça ioga, é muito bom para a respiração, deixar você mais calmo’. E realmente, me ajudou muito. Eu sou um cara muito eufórico, muito ligado, e a ioga me ajudou. Quando eu vou na yoga, não é só pelo fato de alongar, é pela respiração, para poder me acalmar, conseguir me concentrar, esquecer o mundo lá fora. Inclusive, (quem ensina) é um cara amigaço do Bernardo (empresário). O cara já entende de luta, gosta de luta, então ele trabalha voltado para a luta”, revelou Bruno.

Tempo em família

A prática da yoga também ajudou o atleta a encontrar um novo passatempo familiar. Isso porque, além dos benefícios citados por ele, Bruno ainda pôde contar com o apoio da pequena Laurinha, sua filha, nos momentos de treinamento, como o próprio paraibano compartilhou nas suas redes sociais.

“A Laurinha foi surpresa. Eu viajei muito esses últimos dois meses: fui para a Bahia, fui para os Estados Unidos, para um lado, para o outro, e eu começo a ficar incomodado, porque eu fico muito longe da minha família. Não sou um cara de gostar de viajar. Aí eu falei: ‘Não, Camylla, deixa a Laurinha aí’. Porque eu sabia que ela ia tocar o terror lá. A Laurinha sou eu na versão feminina. Não deu outra. A ioga só deu ela. Ela estava me dando aula já. Foi engraçado. Tudo que eu fazia, ela repetia. Foi bacana. Foi uma das coisas que eu adicionei, e com a família perto, eu gosto mais ainda”, contou.

Parceria com time de Malhadinho

O tempo com a família chegou em boa hora. Uma das novidades adotadas por Blindado neste período pré-luta foi buscar uma troca de conhecimento em outros locais. Atleta da academia ‘Brazilian TKO’, liderada por André Dida, o peso-médio do UFC viajou para os Estados Unidos e para a Bahia atrás de novas experiências.

E foi no Nordeste do Brasil que Bruno parece ter iniciado uma nova parceria, que, ao que tudo indica, tem tudo para ser longeva. Recebido de braços abertos pela equipe do ‘Galpão da Luta’, academia que tem no peso-pesado Jailton Malhadinho seu grande expoente, Blindado aproveitou para ensinar e aprender com os colegas de trabalho.

“Eu sempre treinei na minha academia, nunca gostei de ficar andando em academia dos outros, frequentando. Cada um tem seu perfil, eu não faço esse perfil, não gosto, não curto. Mas eu conversei com o Dida, e eu gosto da forma como eles me tratam. São estilos de luta diferentes. Na minha academia, o forte é a parte em pé. Lá na Bahia, no Galpão da Luta, os caras são mais oriundos do jiu-jitsu, caras que têm uma base melhor de chão”, relatou Blindado, antes de completar.

“A gente conversou, eu sabia que ia ser complicado para o Dida – eu também sou um cara complicado para isso – mas o Dida (falou): ‘Vai’. O Yuri (Moura), o Herrick (Kong) e o Léo (Pateira) abriram as portas para mim lá e eu fui. Foi uma experiência muito bacana. Por incrível que pareça, eu era o menor (risos). Só tinha eu de 84 (kg). Estava o Raffael (Cerqueira), o (Jailton) Malhadinho, o André (Monstro), Mario (Piazzon) – todos os caras eram grandes, era de 93 para cima. Trocamos forças, conhecimento. Porque o conhecimento não é só treino. (Tem) O conhecimento de palavras, de pensamentos, saber como o outro pensa no dia a dia da luta, no vestiário, saber que não é só você que sente medo. Foi bem bacana, os caras me receberam muito bem. Foi uma semana de aprendizado. E eu também pude passar um pouco do meu conhecimento para a galera”, contou.

Veio para ficar

Na Bahia, o peso-médio encontrou uma equipe receptiva e disposta a ajudá-lo. Com a benção do seu mestre, André Dida, Blindado passou pouco tempo no ‘Galpão da Luta’, mas o suficiente para criar laços fortes o suficiente para fazê-lo mudar seu pensamento quanto aos intercâmbios fora da academia da qual faz parte.

“Tem lutador que passa até um ano longe da família – e ele não está errado, cada um com seu perfil. Eu não gosto, não gosto de viajar. De preferência, eu tenho que estar com meus amigos ou com a minha família. Mas eu quero fazer isso – mas no Galpão da Luta. Não pretendo ir para outra academia. Não vou falar que não vou, mas não tenho plano nenhum de ir para Las Vegas, ir na academia de fulano passar uma semana. Meu plano – se eu for de novo, que eu acho que vou – é no Galpão da Luta e apenas. Meu treinamento inteiro é na Brazilian TKO com o André Dida. Estou há dez anos com o Dida. É ali e vai ser ali. Não vou dizer para sempre porque a gente não sabe de amanhã, mas não pretendo sair da academia, espero encerrar minha carreira por ali mesmo”, finalizou.

Com a missão de se recuperar e espantar o fantasma da demissão, Bruno Blindado volta à ação neste sábado, contra Ismail Naurdiev, pelo card preliminar do UFC 308, em Abu Dhabi. O evento contará ainda com a presença de grandes estrelas da companhia, como: Ilia Topuria, Max Holloway, Khamzat Chimaev, Magomed Ankalaev, Robert Whittaker, Aleksandar Rakic, entre outros.

Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.

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