O ano de 2020 foi tenso e cheio de imprevistos graças ao avanço da pandemia de coronavírus, que vitimou quase dois milhões de pessoas ao redor do mundo. No âmbito esportivo, entre os poucos que conseguiram seguir normalmente com suas atividades, o peso-pesado Junior ‘Cigano’ tem motivos de sobra para tentar esquecer este período. Afinal, o ex-campeão do UFC acumulou três derrotas seguidas por nocaute, configurando o pior momento de sua carreira. Para piorar, em seu último revés, o brasileiro acusou Ciryl Gane de ter desferido um golpe ilegal que o tirou da luta.
Dessa maneira, em entrevista exclusiva à reportagem da Ag. Fight, ‘Cigano’ fez questão de fazer um desabafo sobre sua última atuação e a forma com a qual tem sido tratado pelo UFC desde então. De acordo com o lutador, que chegou a cogitar meios legais de anular essa derrota pela situação mencionada, ele é tratado de forma injusta.
“O UFC não falou mais nada, para ele está tudo bem, o que para mim é um absurdo acontecer. Um golpe claramente ilegal e vários lutadores… Além da presidência do evento se mostrar favorável ao que aconteceu e para mim isso é de um absurdo tremendo. Na verdade, todos concordam que foi ilegal, mas o que eles dizem é que eu virei e me posicionei daquela forma. Em termo de comparação, que até nem deveria usar, é como a vítima ser culpada do crime, do roubo, assassinato, estupro. Não acho que foi intencional, mas não tira a ilegalidade. Estão falando que eu virei, eu não virei. Já estava de lado para ele há uns oito segundos e dá para ver a cotovelada daquele ponto e atrás da cabeça”, criticou o atleta, antes de sugerir o motivo de receber esse tratamento do UFC.
“Acho que estão tentando passar panos quente em cima disso talvez pelo momento que estou vivendo, negativo na carreira, vindo de três derrotas seguidas e o cara vindo em ascensão, ainda é invicto e talvez queiram dar uma sequência nisso. Não sei e não me interessa. Só quero que a justiça seja feita”, completou o catarinense.
Como o atleta atravessa esta fase negativa, muitos poderiam pensar que ‘Cigano’ teria relaxado e não treinaria mais como antes, quando reinou na divisão. O brasileiro garantiu que está bem fisicamente, mas que o fator mental teria interferido em suas performances no Ultimate. Por isso, o competidor revelou que tem feito um acompanhamento psicológico para colocar em sintonia tanto a mente quanto o corpo.
“Tem sido um momento profissionalmente pesado na minha vida. É um esporte duro e o psicológico tem que estar bom para render o máximo. Fisicamente eu me sinto muito bem, mas sinto que o psicológico fica afetado. São tantas barreiras que tem que derrubar e acaba sendo pesado. Tenho me dedicado bem para tentar colocar a cabeça no lugar. Amo lutar, quero muito continuar. Sou um dos melhores pesos-pesados que já fez isso. A coisa não tem refletido no octógono, mas é acertar os ponteiros e isso que estou buscando, fortalecer a mente para ter o balanço ideal. É tentar uma forma de evitar esse peso todo que estão colocando nas minhas costas. Isso é bastante difícil. Agora é superar. É mais uma luta na minha vida e vou sair vitorioso dela”, contou.
Apesar de todas as adversidades que tem passado recentemente dentro do octógono, ‘Cigano’ não abaixa a cabeça e confia na volta por cima. Se o ano de 2020 foi para ser esquecido para o lutador, o 2021 será o da sua redenção no esporte e para calar a boca dos críticos que ainda põe em xeque sua qualidade como atleta de alto rendimento.
“O ano de 2021 vai ser um grande cala boca em muita gente. O que me deixa abalado são as pessoas que se dizem entender de luta indo contra mim e a favor dessa situação como se tivesse tudo bem. Esse ano vai ser um cala boca nesse tipo de situação. Então vai ser o ano do tapa na cara, o do cala boca para quem duvida de mim. Vou dar a volta por cima. É o ano de acertar os ponteiros para isso acontecer”, finalizou o ex-campeão.
Aos 36 anos, Júnior ‘Cigano’ compete no MMA profissional desde 2006 e conta com um cartel de 21 vitórias, sendo 15 por nocaute, e nove derrotas. Pelo UFC, o veterano foi campeão dos pesos-pesados entre novembro de 2011 e dezembro de 2012.