Atual campeã peso-mosca (57 kg) do Bellator, Juliana Velasquez colocará seu cinturão novamente em jogo nesta sexta-feira (21), desta vez contra a ex-lutadora do UFC Liz Carmouche, na luta principal da edição de número 278 da organização, em evento sediado no Havaí (EUA). Ciente de que a torcida estará, pelo menos a princípio, ao lado da desafiante, a brasileira trata com naturalidade a situação, mas reconhece que precisará de uma atuação bastante convincente para manter o título no Brasil.
Além de lutar em casa, Carmouche – que antes da carreira como lutadora profissional serviu no Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos – terá o apoio de seus colegas de farda no evento, já que na plateia do Bellator 278 estarão presentes apenas militares das Forças Armadas, uma decisão tomada pela organização como forma de homenageá-los. Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag Fight, Juliana Velasquez minimizou os efeitos das prováveis vaias e xingamentos que receberá ao enfrentar a favorita da torcida na luta principal do show.
Com bom humor, a campeã brincou sobre o fato de não ser fluente na língua inglesa ao justificar sua tranquilidade com os possíveis impropérios que ouvirá durante a luta vindos da arquibancada. De acordo com a brasileira, além de não entender os xingamentos, ao entrar no cage sua mente foca completamente no trabalho a ser feito e, por isso, consegue filtrar o que ouvir durante a peleja.
“Para falar a verdade, eu não falo muito bem inglês (risos). Então, eu não vou estar entendendo nada (do que eles falarem), ainda mais naquela emoção. Claro, é sempre muito legal você ser aplaudida ao entrar, ter seu trabalho reconhecido. Mas eu sei que a torcida vai ser toda para ele e isso não me traz pressão nenhuma. Quando fecha o cage, parece que só tem a luz dentro do octógono, eu não enxergo mais nada, e nem escuto também. Acho isso incrível, parece que meu ouvido é muito seletivo. Eu só escuto a voz do meu corner. O resto eu nem escuto, não sei se está vaiando, se está aplaudindo. Mas se eu estivesse ouvindo, eu não entenderia tanto. Então, tudo bem”, comentou Juliana.
Outro ponto que não chega a preocupar, mas mantém o sinal de alerta ligado para a brasileira é a possível interferência do ambiente favorável a Carmouche em uma possível decisão sobre o resultado do combate nas papeletas dos juízes. Além do apoio dos presentes na arena, a americana chega para o duelo contra Velasquez com uma espécie de ‘torcida’ por parte dos que, normalmente, estariam neutros nesta disputa, tendo em vista, principalmente, seu histórico no esporte.
Carmouche foi uma das pioneiras do MMA feminino, atuando ao lado de Ronda Rousey na primeira luta entre mulheres do UFC. Porém, apesar de ter disputado títulos no Strikeforce e no Ultimate, a veterana, de 38 anos, segue sem nenhum cinturão conquistado na carreira e pode ter sua última chance justamente contra Juliana Velasquez nesta sexta-feira. Por todo o contexto que envolve a peleja, a brasileira admite que buscará, mais do que nunca, ter uma atuação dominante, que a garanta uma vitória incontestável, seja pela via rápida ou pelas papeletas dos juízes.
“É uma luta que, para mim, não é legal deixar chegar na decisão dos juízes. Eu nunca entro em uma luta querendo deixar nas mãos dos juízes. Mas, realmente, eu já conversei sobre isso com minha equipe. É uma luta que eu vou buscar um pouco mais para não deixar nas mãos dos juízes. E, caso aconteça, porque lá dentro a gente nunca sabe o que vai acontecer, que eu tenho 100% de certeza que eu venci os cinco rounds. Não é a ideia deixar nas mãos dos árbitros, até porque na minha última luta eu deixei e deram decisão dividida. Isso foi um grande aprendizado para mim”, sentenciou a campeã peso-mosca do Bellator.
Oriunda do judô, Juliana Velasquez iniciou sua trajetória no MMA profissional em 2014 e se mantém invicta na modalidade até hoje, após 12 lutas disputadas e vencidas. A brasileira conquistou o cinturão peso-mosca do Bellator em dezembro de 2020, ao derrotar a então campeã Ilima-Lei Macfarlane, e em sua primeira defesa de título, superou a holandesa Denise Kielholtz, na decisão dividida dos juízes, em julho do ano passado.
Por sua vez, Liz Carmouche atua como atleta profissional do MMA desde 2010 e soma 16 vitórias e sete derrotas no cartel. Durante sua trajetória na modalidade, a americana teve passagens por importantes eventos, como: Strikeforce, Invicta FC e UFC, onde construiu grande parte de sua carreira e disputou os títulos peso-mosca e peso-galo da organização, ambas tentativas sem sucesso. A veterana assinou com o Bellator em dezembro de 2019 e, nove meses depois, estreou pela liga, na qual venceu todos seus três compromissos até o momento.