Entrevistas
José Aldo promete foco no cinturão e isenta árbitro: “Parou na hora certa”
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por
Diego Ribas
José Aldo foi uma das estrelas do primeiro card do UFC na ‘Ilha da Luta’, em Abu Dhabi, onde disputou o cinturão vago dos pesos-galos (61 kg) contra o russo Petr Yan. Nocauteado no quinto assalto, o atleta brasileiro perdeu a chance de conquistar seu segundo título na organização diante de uma polêmica interrupção do árbitro que, de acordo com Dana White, teria deixado o combate prosseguir além do necessário. Para o ‘Campeão do Povo’, porém, não havia razões para que a disputa fosse interrompida anteriormente.
Embora os números apontem o contrário – Aldo sofreu 62 ataques e efetuou apenas um de forma contundente no quinto assalto -, o atleta de 33 anos fez questão de ressaltar que, ao menos por ele, poderia continuar no combate uma vez que estava atuando de forma ativa em sua defesa. Em entrevista exclusiva com a reportagem da Ag. Fight em Abu Dhabi, o representante da academia Nova União fez questão de isentar o árbitro Leon Roberts por sua postura.
“Se o juiz para cedo, falam: ‘Deixa mais um pouco’. Quando para longe: ‘Deveria ter parado e poupado o atleta’. Toda reunião, quando chega na luta, os juízes vão lá e explicam as regras e eu sempre falo a mesma coisa: ‘Se eu pegar knockdown ou qualquer coisa pode deixar eu apanhar um pouco mais, pode deixar’. É um esporte de contato, não tem como fugir. Prefiro que o juiz demore a parar mesmo, um, dois, três socos não vai ocasionar problema nenhum a ninguém. Ele parou certo, no momento certo, se deixasse, eu que queria deixar a luta sim, acho que estava tentando me recuperar, ele fez o trabalho dele certo na hora certa, parou no momento exato”, decretou, ainda no lobby do hotel dos lutadores em Abu Dhabi.
Com três derrotas seguidas em sua carreira, marca inédita no cartel do experiente lutador, José Aldo foi alvo de críticas de alguns fãs e viu dúvidas serem levantadas sobre sua continuidade no esporte. No entanto, o ex-campeão do UFC foi categórico ao prometer seu foco não apenas na permanência na divisão dos galos, mas também na conquista do inédito título para seu legado.
“Só vou parar de buscar o cinturão quando encerrar minha carreira. Enquanto estiver aqui dentro lutando no Ultimate, é isso. Como falei, dei um passo que deveria dar, lutei com Marlon e com o Petr, duas lutas muito duras. Acho que ganhei contra o Marlon, e nessa luta eu também vinha bem, questão de luta mesmo. Vamos continuar o trabalho e voltar para a academia”, ressaltou, prometendo seguir firme na dieta que o possibilitou a descer de categoria de peso.
“É a minha categoria, o Dedé (Pederneiras) sempre falou que eu tinha que lutar no peso-galo, que era minha categoria real. Nunca gostei, falava que não conseguia bater o peso. Fiz dieta e todo um trabalho, estou sendo um atleta de verdade, pode ter certeza que vou ficar nesse peso. Consigo bater o peso sem problema, bem tranquilo, sem risco e saudável. Vocês vão me ver lutando nesse peso”, cravou, sorridente.
Por fim, o representante da academia Nova União analisou seu desempenho contra Petr Yan. Ao longo dos cinco rounds de muita troca de golpes em pé, Aldo voltou a utilizar com frequências seus famosos chutes baixos, que marcaram o início de sua carreira internacional. No entanto, a resistência do rival aliado aos precisos e potentes socos terminaram por furar a defesa do brasileiro, que demonstrou satisfação com o desempenho no equilibrado duelo.
“Quando começou, eu estava sentindo a luta nas minhas mãos. Vi as armas dele, o que ele tinha para oferecer, vi que seria dura mas que ia vencer. Ele conectou bom chute, depois caiu no chão e conectou outro golpe em cima e isso atrapalhou um pouco do gás, da minha energia. Fui para o segundo e terceiro ganhando, quarto eu acho que levei, e fui para o quinto em mente que eu tinha que vencer para ser campeão. E logo no começo do round ele conectou um bom direto, a luta foi para baixo e ele venceu a luta”, analisou, antes de enaltecer seu camp para o duelo.
“Mas fico feliz, o camp com, todas as circunstâncias, foi um dos melhores que eu já fiz, minha agressividade de novo, meu chute, que todo mundo me cobrava, pude fazer de novo. Pude lutar bem a vontade. Fiz duas lutas no galo, Marlon Moraes, número um do ranking, e Petr, moleque em ascensão. Fico feliz, agora é voltar para academia, treinar e ver o futuro”, finalizou.
Editor da Ag Fight e colunista do UOL, Diego Ribas cobre MMA desde 2010 e atualmente mora em Las Vegas