Desde 2015, quando explodiu no UFC, Conor McGregor viu sua carreira ser cercada por um turbilhão de emoções. O irlandês ganhou notoriedade na maior organização de MMA do mundo por belas apresentações dentro do octógono, mas também chamou a atenção por um ‘trash talk’ midiático, que atraiu os olhares dos principais lutadores da franquia e do público ao redor do mundo. Porém, nos últimos anos, o europeu se envolveu em uma série de confusões, como um caso de agressão a um idoso em um bar na Irlanda, além de uma acusação de abuso sexual, o que ‘arranhou’ a sua imagem.
Com o retorno de Conor McGregor ao Ultimate neste sábado (23), na luta principal do UFC 257 diante de Dustin Poirier, a dúvida sobre os danos à sua popularidade volta à tona. E no que diz respeito as atenções voltadas para a Irlanda, a situação do lutador parece que não é a mesma de anos atrás. Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag. Fight, Peter Carroll, jornalista irlandês do site ‘MMA on Point’ e que acompanha a carreira de ‘Notorious’ desde o seu início, afirmou que o ex-campeão peso-pena (66 kg) e peso-leve (70 kg) perdeu fãs pelo seu mau comportamento longe da área de luta.
“Há sentimentos contraditórios sobre McGregor na Irlanda. Desde seus primeiros dias no UFC, seu jeito fanfarrão e seu ‘trash talk’ deixavam muita gente inquieta, porque estrelas do esporte irlandês geralmente não agiam desta forma. Quando ele começou a se comportar mal fora do octógono, muitas pessoas o largaram. No passado, quando você dizia às pessoas que era irlandês, elas falavam: ‘Ah, eu amo o U2’ ou ‘Uau, você bebe Guinness?’. Tudo mudou quando Conor se tornou um campeão. Foi: ‘Oh, você é irlandês… Conor McGregor!’. Por ser o produto de exportação mais famoso do país, quando se comportava mal, as pessoas sentiam, e refletiu mal em todo o país”, explicou Carroll.
No entanto, mesmo com sua imagem manchada com parte do povo irlandês, McGregor ainda é um super astro e conta com o apoio de muitos torcedores. Em 2020, embora só tenha entrado no octógono uma vez, quando derrotou Donald Cerrone em apenas 40 segundos, Conor ganhou pontos importantes no seu país natal. Desde o início da pandemia de COVID-19, o lutador tem sido ativo ao ajudar na guerra contra o vírus, inclusive fazendo doações para hospitais que precisavam de recursos. Por isso, sua volta ao Ultimate, depois dessas boas ações, deve ser acompanhada em peso na Irlanda.
“Seu comportamento e desempenho em 2020 foram ótimos, aumentando sua imagem pública com grandes doações para hospitais no centro da luta COVID-19 da Irlanda. Então, é mais provável que a grande maioria dos irlandeses de 16 a 40 anos de idade esteja assistindo à luta no sábado à noite, pois ainda possui uma base de fãs leais”, afirmou o jornalista, antes de admitir que mesmo com a queda de popularidade na Irlanda, a fama do lutador não se abalou ao redor do mundo.
“Conor está mais famoso mundialmente e é uma marca global maior do que nunca. O apoio dos irlandeses representa uma porcentagem muito pequena dos seus torcedores. Ele agora é uma mercadoria global, ao contrário de uma mercadoria irlandesa”, concluiu.
Mesmo sem lutar há um ano, Conor McGregor aparece como grande favorito a vencer essa luta nas principais casas de apostas pelo mundo. Então, questionado sobre qual seria seu palpite sobre o duelo diante de Poirier, Carroll adiantou que pelo fato do compatriota já ter vencido o atual rival, em 2014, isso pode pesar a seu favor.
“Não tenho tanta certeza de que McGregor vai ganhar uma luta desde que lutou com (Eddie) Alvarez. Ele tem trabalhado solidamente por um ano e notícias do seu camp sugerem que seu treinamento de boxe focado o tornou um striker melhor do que nunca. Adicione isso ao fato de que ele já nocauteou Poirier uma vez e eu acho que você tem que apostar que McGregor (vai vencer) por nocaute ou nocaute técnico”, apostou.
Conor McGregor não luta desde janeiro de 2020, quando venceu, em apenas 40 segundos, Donald Cerrone, no UFC 246. Em 2015, o irlandês conquistou o cinturão peso-pena da franquia ao nocautear José Aldo com 13 segundos de luta. Em 2016, faturou outro cinturão, no peso-leve, em novo nocaute, dessa vez sobre Eddie Alvarez.