Entrevistas
Johnny Walker destaca apoio de treinador de McGregor: “Suporte que nunca tive”
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por
Neri Fung, em Niterói (RJ)
Feliz, bem treinado e acolhido. É assim que se sente Johnny Walker na preparação para sua luta contra Ryan Spann, marcada para o próximo dia 19 de setembro, em evento do UFC na cidade de Las Vegas (EUA). Movido pelo amor e pela profissão, o meio-pesado (93 kg) – que por conta da pandemia do novo coronavírus não pôde retornar ao Canadá, onde treinaria na academia ‘Tristar Gym’ novamente – desembarcou na Irlanda e tem feito seu camp sob o comando do treinador John Kavanagh, líder da equipe ‘SBG Ireland’, responsável por revelar Conor McGregor, entre outros, ao MMA mundial.
Após passar os primeiros meses da pandemia no Brasil, Johnny partiu para a Irlanda afim de rever a namorada – uma irlandesa que trabalha no Catar, mas estava de férias em seu país natal. No país europeu, o lutador recebeu a oferta e aceitou seu próximo compromisso pelo Ultimate, e, com isso, uniu o útil ao agradável. Sem poder entrar no Canadá por conta da pandemia da COVID-19, o meio-pesado optou por permanecer ao lado da amada e treinar na ‘SBG’, sob a tutela de um dos principais treinadores do mundo, com quem já possuía boa relação.
Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag. Fight, Johnny exaltou o trabalho feito com John Kavanagh e destacou, em especial, o tratamento dispensado pelo treinador a ele. Surpreso com a acolhida, o brasileiro foi só elogios também para o papel desempenhado por sua namorada no seu processo de adaptação ao país, além de facilitar sua rotina de preparação para o combate do próximo dia 19 de setembro.
“Estou aqui na Irlanda, já fiz metade do camp, estou gostando para caramba. A parte de técnica é muito boa, tem bastante material humano também, a academia tem uma estrutura muito bacana. E eu estou me amarrando em fazer o camp aqui. Ele (Kavanagh) é muito profissional. Eu não sei o que ele vê em mim, mas ele gosta muito de mim. Ele me deixou ficar na casa dele. No quintal da casa dele, os pais dele têm outra casa, e ele me deixou ficar na casa de baixo. Me emprestou a caminhonete dele e me colocou no seguro do carro. Está me levando em vários lugares para fazer testes, ele está me ajudando em várias coisas, me dando um suporte que eu nunca tive. Estou sendo muito bem tratado, como eu nunca fui antes. Essa parte me chamou muito atenção. E eu estou bem feliz aqui, bem tranquilo, estou tendo um suporte muito bacana”, destacou Walker, antes de comentar sobre a ajuda da namorada.
“Ela ficou um mês aqui comigo, mas já voltou para o Catar, porque ela é professora de primário. Ela trabalha lá e já acabaram as férias dela. Mas enquanto ela esteve aqui foi muito importante, me ajudou na dieta, ajudou a organizar os meus horários de treino, fazer contato com a galera que eu preciso fazer. Antes do Kavanagh me colocar no seguro do carro, ela é quem estava dirigindo para mim. Então, ela me ajudou bastante. Agora eu estou sozinho aqui, eu vou ter mais um mês de camp pela frente. Mas a adaptação foi muito boa”, contou.
Depois de um início avassalador no Ultimate, onde venceu suas três primeiras lutas por nocaute, fazendo seu nome ascender rapidamente no ranking da categoria, Johnny acabou derrotado em seus dois últimos confrontos. Do mais recente revés – diante de Nikita Krylov em março deste ano, no UFC Brasília, o meio-pesado tirou uma lição importante e que, de acordo com ele, tem sido trabalhada nesta preparação para que não ocorra novamente.
“Eu estou treinando bem, descansando bem, treinando de uma forma mais inteligente, cuidando da parte física, da dieta. Estou fazendo a manutenção da recuperação, que é muito importante. Na última luta eu senti o meu corpo muito pesado. Eu cansei muito rápido no primeiro round. Eu me arrastei em todos os rounds naquela luta. O problema é que eu acho que treinei muito pesado para a última luta e não descansei direito. Na semana da luta mesmo, eu estava treinando pesado, cortando peso, batendo manopla, fazendo cardio de manhã. Então, eu acho que entrei em overtraining e foi isso que eu senti naquela luta”, explicou o lutador, antes de completar.
“Eu estava muito cansado, foi muito puxado. Eu terminei a luta e tive que tomar soro na veia, nunca tinha acontecido isso comigo antes. Então, eu estou focado nisso, em saber dar o descanso para o corpo. Sem treinar demais, mas sem treinar pouco também. Treinar na medida mais inteligente possível. Você tem que ficar ali numa linha tênue. Está complicado, mas eu estou respeitando o que o coach fala e vai dar tudo certo dessa vez”, concluiu.
No MMA profissional desde 2013, Johnny Walker, de 28 anos, soma 17 vitórias, sendo 14 por nocaute, e cinco derrotas. Seu adversário no dia 19 de setembro, Ryan Spann, possui cartel semelhante, tendo um triunfo a mais do que o brasileiro.
Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.