Entrevistas
Invicto no UFC, Léo Santos reclama de tratamento dado pela organização
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por
Rodrigo Tannuri, em Niterói (RJ)
Léo Santos é uma raridade no MMA atual. Mesmo sendo integrante do peso-leve (70 kg), categoria conhecida pelo alto nível de competitividade, o veterano, de 41 anos, permanece invicto no Ultimate, mas ainda não integra o top-15. Agora, a próxima missão do brasileiro é diante de Grant Dawson, no UFC Vegas 22, evento que acontece neste sábado (20), em Las Vegas (EUA), porém o lutador está reticente quanto ao seu futuro.
Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag Fight (veja acima ou clique aqui), Léo informou que desistiu de procurar o UFC com nomes de possíveis adversários, porque nunca foi atendido pela organização. Parte dos fãs, constantemente, pede para o brasileiro ser mais vocal seja nas redes sociais ou em entrevistas, porém, de acordo com o lutador, o problema vai além. O veterano justificou seu ponto de vista ao apontar que, assim como ele, outros atletas ficaram impossibilitados de atuar e, mesmo assim, permaneceram em alta. Dessa forma, Léo contou que não se sente mais pressionado na busca por integrar o top-15 e negou brigar por isso.
“Antes, eu ficava preocupado. Todas as vezes que pedi luta, o UFC nunca deu quem eu queria. Sempre esperei o reconhecimento. Fui campeão do TUF Brasil, estou invicto, mas não faz diferença. Se um dia o UFC pensar em me dar uma moral, agradeço. Se não, de boa. Não sei como funciona o ranking. Ele não é baseado na meritocracia. Se fosse quem venceu mais lutas, eu estaria no top-10. Não dá para entender. Eles falam que fiquei muito tempo fora, mas tem gente no top-10 que não luta há um, dois anos”, desabafou Léo, antes de completar.
“Eu falo o que? Não tenho o que dizer. Agora, curto a caminhada. Quando o UFC quer dar moral para alguém, ele dá. Isso atrapalha um pouco. Não sou um cara de falar muito, xingar, mas respeito. Já tentei de tudo quanto é jeito. Quando acaba a luta, chego no Sean Shelby com três, quatro nomes e o UFC nunca me deu. Chega um tempo que enche o saco. O pessoal fala para a gente pedir no octógono, mas já fiz isso e não fui atendido”, continuou o lutador.
Por outro lado, Léo Santos mostrou ter orgulho de sua trajetória no UFC e comemorou ser capaz de atuar em alto nível, mesmo com a idade avançada. Vale destacar que o brasileiro possui 41 anos e é um dos poucos veteranos que segue colhendo bons resultados no MMA, esporte que costuma exigir muito de seus praticantes no aspecto físico. O carioca explicou que o segredo para ter sucesso na modalidade é, simplesmente, amar o que faz e deu a entender que a aposentadoria está diante.
“Sou abençoado, tenho uma equipe maravilhosa, a genética me ajuda e sou feliz. Não tenho muito o que explicar. Deus me deu esse dom, essa alegria, essa paixão por lutar e curto isso. Quando você faz algo com felicidade, fica tudo mais fácil. Muitos que começaram comigo não conseguem fazer o que estou fazendo hoje. Só tenho que agradecer a Deus por estar curtindo, aos 41 anos, de forma bem feita, com capacidade para disputar com qualquer garoto. Minha vida toda foi competição. Sou muito dedicado, tento ser o mais profissional possível e isso me ajuda bastante”, concluiu.
Apesar de não integrar o top-15 do peso-leve do UFC, Léo Santos é reconhecido por parte da comunidade do MMA como um lutador duro e capaz de frustrar a ascensão de promessas na categoria. O brasileiro estreou pela organização em 2013, faturou a segunda edição do TUF Brasil, venceu sete lutas e empatou uma. Seu triunfo mais importante na companhia aconteceu em 2015, quando nocauteou Kevin Lee, 13º na tabela de classificação.
Jornalista formado, especializado em MMA. Também acompanho boxe, boxe sem luvas, boxe de celebridades e WWE.