A temporada regular 2023 do PFL começa neste sábado (1º), em Las Vegas (EUA), em um evento já com lutas válidas pelos torneios das divisões dos pena (66 kg) e dos meio-pesados (93 kg). Na categoria até 66 kg, o Brasil estará representado por Marlon Moraes, enquanto que no GP até 93 kg o país terá outros dois atletas: Thiago ‘Marreta’ e Delan Monte, além de um americano com sangue e coração brasileiros.
Filho de Marcus ‘Conan’ Silveira, respeitado treinador e um dos fundadores da equipe ‘American Top Team’, Joshua Silveira nasceu e cresceu nos Estados Unidos, mas não esquece as raízes brasileiras. Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag Fight, o ex-campeão do ‘LFA’ – em bom português – destacou que, apesar de, no papel, representar o país norte-americano, se sente parte do ‘Esquadrão Brasileiro’ no MMA, em virtude da forma com que foi criado, tendo todas as referências culturais da terra natal de seus pais.
“Nasci em Miami, na Flórida. Então, era um pé em Miami e outro no Brasil. É bem perto. Eu sempre fui ‘americano’ (faz gesto de aspas com as mãos) no papel. Até meus primos e minha família falam isso comigo: ‘Você é americano no papel, mas no sangue você é brasileiro. Nunca esqueça isso’. E eu vivi assim. A comida que eu como, a música que eu escuto…”, destacou o atleta, relembrando que a paixão nacional pelo futebol também ajudou no processo.
“Quando tem Copa do Mundo, desde criança eu tinha isso, a camisa era (da seleção) brasileira. Nunca pedi uma camisa (da seleção) americana para torcer no futebol. Era o Brasil sempre. Nasci aqui nos Estados Unidos, mas sou brasileiro, tenho o Brasil no meu sangue, e quando eu ganho, eu ganho pelo Brasil também“, afirmou Joshua, que estreia na temporada 2023 do PFL contra Sam Kei, neste sábado.
A afinidade com a língua e a cultura brasileiras ajudam o lutador, até mesmo, a se aproximar de seus colegas nascidos em território tupiniquim. E isso, de acordo com o próprio ‘Josh’, vem desde a infância, tanto dentro de casa quanto na época em que já acompanhava seu pai no trabalho, em sua academia, e convivia com grandes nomes do Brasil no mundo das lutas. Tudo isso contribuiu para que o “americano no papel” Joshua Silveira admirasse e se orgulhasse de suas raízes familiares.
“Quando eu encontro os lutadores que vêm do Brasil para treinar é fácil essa conexão. Eles até ficam meio chocados: ‘Po, você fala português mesmo’. Na minha casa, a gente falava português o dia todo, minha mãe é brasileira também. No começo, era Carlson Gracie, Carlson Gracie Jr, Vitor Belfort, todo mundo treinava junto na academia do meu pai, e era português, jiu-jitsu e arroz e feijão (risos). Eu adoro a cultura brasileira, eu acho que o melhor do Brasil é o brasileiro. Eu adoro o brasileiro, a atitude, tudo que eles mostram para o mundo. Eu adoro ser brasileiro e não trocaria isso por nada“, assegurou.
Sonho de pai e filho
A proximidade de Joshua com o Brasil, obviamente, tem muito a ver com a relação do atleta com seu próprio pai. Inspiração para o meio-pesado do PFL seguir na carreira de lutador, Conan Silveira e o filho traçaram há mais de uma década um plano ao qual ambos começam a colher os frutos através do sucesso de Josh no MMA, como a conquista de dois títulos em divisões diferentes no ‘LFA’ (peso-médio e meio-pesado).
Agora, com o início da temporada 2023 do PFL e a possibilidade de conquistar mais um título, Joshua ressalta que o que antes era apenas um plano de carreira virou um sonho para ambos. E o próprio atleta reconhece que seu sucesso é especialmente importante para seu pai, por todo o contexto da relação entre eles.
“Meu pai sempre foi uma influência para a minha vida, porque vi ele lutando. Mas cresci com essa vontade de querer competir. Então, quando me dei conta que meu pai era lutador – porque quando criança você não entende muito – eu falei: ‘Cara, que legal’. Na minha cabeça, sempre quis ser lutador. Mas isso era um sonho que quando você cresce pode acabar fazendo outra coisa na vida”, ressaltou.
“Quando fiz 16 anos, eu estava fazendo wrestling e foi aí que eu decidi mesmo: vou ser campeão no wrestling e depois vou passar para o MMA. Eu e meu pai conversamos sobre isso nessa época e fizemos um plano. Hoje em dia, nós olhamos para trás, tudo que a gente fez, e só conseguimos sorrir, porque é um plano de mais de dez anos. Meu pai é um cara sério, bem de head coach, mas sei que dentro do coração dele isso é um sonho. Um sonho nosso, mas eu sei que, para ele, como pai é bem especial”, contou.
Aos 30 anos de idade, Joshua Silveira possui um cartel de nove vitórias, oito delas pela via rápida, e apenas uma derrota, sofrida na semifinal do torneio até 93 kg da temporada 2022 do PFL, a qual disputou substituindo seu companheiro de equipe Antônio ‘Cara de Sapato’, que havia lesionado o joelho. Antes de assinar com o PFL, o ‘americano brasileiro’ foi o segundo campeão duplo da história do LFA, com cinturões conquistados entre os pesos-médios e meio-pesados.