Entrevistas
Finalista do TUF 32, Mairon Santos explica como estilo calmo o ajudou durante o programa
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por
Diego Ribas, em Las Vegas (EUA)
As finais da 32ª edição do The Ultimate Fighter estão programadas para serem disputadas neste sábado (24), no card principal do UFC Vegas 96. E na grande decisão da categoria peso-pena (66 kg), Mairon Santos representa o Brasil na busca pelo título e um contrato com a maior organização de MMA do mundo. E, para vencer seus confrontos durante o programa, o jovem de apenas 24 anos precisou se blindar de provocações e se adaptar à convivência com outros atletas. Em entrevista exclusiva à equipe de reportagem da Ag Fight, ‘A Lenda’ explicou como seu ‘estilo calmo’ teve um papel crucial ao longo da experiência no reality show.
Ao longo do programa, Mairon ficou confinado em uma casa com 16 lutadores de 14 nacionalidades diferentes. Com uma verdadeira mistura de culturas e hábitos distintos, era inevitável que alguns participantes se estranhassem ao longo da competição. Edwin Cooper Jr, primeiro oponente do brasileiro no programa, costumava ingerir bebidas alcoólicas em demasia e, de quebra, ainda provocava outros atletas, como o próprio carioca, às vésperas do duelo. Centrado, Santos não deixou o americano entrar na sua mente e ‘devolveu’ as provocações dentro do octógono, o desbancando na decisão dividida dos juízes.
“Foi difícil me adaptar, porque não esperava que seria da forma que foi. Achei que iria chegar lá, me isolar em um canto, não ia ter laços com ninguém. Mas a gente acaba fazendo amizades e não gostando de algumas pessoas. Lutei com um cara (Edwin) que ficava bebendo muito todo dia, um negócio doido que incomodava os outros. Aí não tem telefone, não pode fugir para espairecer a cabeça. Não esperava, achei que seria mais tranquilo, foi bem louco. Mas consegui me adaptar durante a temporada e estou na final. Sim, com certeza (meu estilo calmo me ajudou no TUF). Não sei porque, mas sou muito calmo. Minha mãe é super estressada (risos). A TV não mostrou quase nada do que aconteceu, ele estava me perturbando. Só ficava quieto e dizia: ‘Você vai engolir essas palavras’. E aconteceu. Foi difícil e estressante, mas sou muito calmo, é muito difícil me tirar do sério e ele não conseguiu isso. Guardei tudo para soltar na hora da luta”, relembrou o jovem.
Previsão para a final
Depois de vencer o falastrão americano, Mairon avançou até as semis e, com uma vitória sobre Guillermo Torres na decisão unânime dos juízes, se credenciou para a grande final da categoria até 66 kg. Na decisão, o brasileiro medirá forças com o grappler Kaan Ofli. Como tem seu carro-chefe na trocação, o carioca espera que o rival australiano tente ‘amarrar’ a luta usando o grappling. Ciente da possibilidade, Santos garante que vai em busca da vitória pela via rápida – seja por nocaute ou finalização.
“Da minha parte, podem esperar uma luta eletrizante. Acredito que ele vai vir para travar a luta de todo jeito, mas não vou permitir porque estou treinando muito para ele não me encurralar e tentar botar para baixo. Porque é o que todo mundo tenta fazer quando luta comigo. Ele vai tentar travar e vou soltar meus golpes. Em uma hora, acredito que vou conseguir achar uma mão e encontrar um nocaute. Talvez até uma finalização se a luta for para o chão e eu acabar por cima. Acredito que posso finalizar ele, nós treinamos juntos. Então estou empolgado para essa luta”, destacou Mairon.
A edição de número 32 do TUF é liderada pelas treinadoras Alexa Grasso e Valentina Shevchenko. Mairon defende o time capitaneado pela campeã peso-mosca (57 kg) mexicana do UFC. Além dos pesos-penas, esta temporada também abrangeu a divisão dos pesos-médios (84 kg). A final da categoria será entre Ryan Loder e Robert Valentin.
Natural do Rio de Janeiro, Gaspar Bruno da Silveira estuda jornalismo na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Fascinado por esportes e com experiência prévia na área do futebol, começou a tomar gosto pelo MMA no final dos anos 2000.