Em julho de 2020, Fabrício Werdum fez sua última apresentação no Ultimate, quando finalizou Alexander Gustafsson ainda no primeiro round de disputa. Este compromisso marcou o fim da segunda passagem do gaúcho na franquia em que se sagrou campeão dos pesos-pesados em 2015. Entretanto, poucos sabem que o ponto final da relação partiu de uma decisão do próprio lutador.
Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag. Fight (clique aqui), Werdum revelou que recebeu uma oferta praticamente irrecusável após vencer o sueco na ‘Ilha da Luta’, mas descartou a chance de renovação. O gaúcho afirmou que sua ideia era dar uma ‘resposta’ ao UFC e sair por cima, sem dar a eles a chance de o mandarem embora no futuro.
“Eu sai do UFC porque eu quis, não porque me mandaram embora. Depois da luta contra o Gustafsson, o UFC tinha um contrato na mão e eu eu falei que não queria assinar. Tenho certeza que fiz a coisa muito certa. Queria muito dar esse tapa de luva neles. (….) Sai pela porta de frente e fiz a coisa certa em não assinar um contrato milionário. Eu não aceitei. O PFL também me surpreendeu na proposta, mas não foi só por isso. Não fui para lá por causa de contrato milionário, foi mais pelo orgulho do lutador. Vou sair porque eu quero sair”, explicou o ex-campeão dos pesados do Ultimate.
A relação conturbada de Werdum com a maior organização de MMA do mundo começou com o fim da primeira passagem do lutador pela liga. Após a compra do Pride, o Ultimate herdou os contratos de atletas como o do ‘Vai Cavalo’. Mas, depois de ser nocauteado por Junior ‘Cigano’, o gaúcho tentou estender seu vínculo, mas ficou decepcionado com a proposta feita pelos promotores.
“Não estou reclamando do UFC, tivemos muitos momentos bons, fui campeão duas vezes, uma linear e outra interina. Mas pesou bastante essa transição da primeira para a segunda passagem, que não teve negociação e vou explicar o motivo. Eu vim do Pride, quando o UFC comprou o Pride e cheguei com o mesmo contrato. Só que o UFC não estava de acordo com o preço que estava ganhando e na época era muito bom. Então quando perdi a última luta eles queriam baixar 70% do contrato. Até falei para negociar, mas para renovar você tem que estar com uma vitória para ter moral. Uma derrota não adianta. Não chegamos em um acordo e não renovamos. Então agora queria sair com orgulho, porque eu não quis assinar. Foi muito bom para meu ego”, completou.
Outra situação que parece ter incomodado Werdum e reforçado ainda mais sua vontade de deixar o UFC foi o sentimento de que passou a ser uma espécie de ‘escada’ no evento. Em sua última atuação, o ex-campeão encarou Gustafsson, ex-desafiante ao título dos meio-pesados (93 kg) e que faria sua estreia na categoria dos pesos-pesados. Desta maneira, a performance do sueco gerava muita expectativa do público e da franquia.
“Mais uma vez joguei água no chopp do UFC, porque a primeira vez foi contra o Cain Velasquez no México. A ideia era fazer o Cain Velasquez o cara no México, aquela promoção toda. Em cima de mim não. Fui lá e peguei. Depois a ideia deles, isso segundo a minha cabeça, não sei se era isso mesmo, mas o Gustafsson, um cara muito bom, subindo para o peso-pesado, Werdum saindo do UFC, ex-campeão. Era um bom gatilho para colocar esse cara lá em cima. Fui lá e mais uma vez água no chopp deles”, finalizou.
Fabrício Werdum possui feitos importantes no MMA e é considerado por parte dos fãs como um dos melhores pesos-pesados de todos os tempos. ‘Vai Cavalo’ foi o único atleta a finalizar Cain Velasquez, Fedor Emelianenko e Rodrigo ‘Minotauro’ na modalidade. O brasileiro, que iniciou sua trajetória no esporte em 2002 e integrou organizações importantes da modalidade como Pride FC, Strikeforce e UFC, disputou 34 lutas, venceu 24, sendo 12 por finalização, perdeu nove, empatou uma vez e tem um ‘No Contest’.