Cada vez mais, as mulheres batalham para ocupar espaços anteriormente restritos aos homens. No esporte e, especificamente no MMA, isso não é diferente. Dentro do UFC, principal liga da modalidade no mundo, a presença feminina se faz cada vez mais notável. Ainda há, porém, uma clara diferença no que diz respeito ao número de atletas e ao nível de protagonismo entre homens e mulheres na entidade. Para Ariane Lipski da Silva, ex-lutadora do Ultimate, isso é algo natural. Afinal de contas, na visão da peso-mosca (57 kg) brasileira, no geral, os corpos femininos não foram moldados para a prática dos esportes de combate.
Em entrevista exclusiva ao canal ‘Direto de Vegas’, novo projeto da Ag Fight em formato de podcast, Ariane admitiu que sua fala pode ser considerada polêmica. Entretanto, em seu entendimento, as mulheres que conseguem se profissionalizar como lutadoras são verdadeiras exceções à regra. Isso, portanto, explicaria a menor presença quantitativa feminina em eventos de MMA em geral e, sobretudo, em cards promovidos pelo UFC.
“Existe uma luta das mulheres de conquistar o espaço na luta. Já vi mulheres querendo falar: ‘Por que só tem uma ou duas lutas de mulher no card? Por que às vezes nem tem mulher lutando? Porque a mulher não é valorizada no esporte’. Não estou falando que não tem que lutar por esses direitos. Mas por que isso acontece? Por que as mulheres são minoria? Vou falar algo polêmico. Porque nosso corpo não foi feito para isso (risos). Esse discurso de: ‘Você pode ser o que quiser’. Nós, mulheres que lutamos, somos exceções. Temos um dom e uma característica diferente da maioria das mulheres. De estar ali e lutar com outra pessoa”, opinou Lipski.
Diferença fisiológica?
Além de serem inseridas no meio consideravelmente depois dos homens, as mulheres precisam superar outros obstáculos próprios: aspectos fisiológicos e hormonais. De acordo com Ariane, o simples fato de ter que lidar com um ciclo menstrual e suas consequências corporais, sejam elas físicas ou emocionais, já torna o mérito esportivo nos esportes de combate bem mais árduo para as lutadoras do que para os lutadores.
“Tem algo a mais, que é o instinto. É uma coisa diferente da maioria das mulheres. Por exemplo: Posso ser cantora? Não (risos). Não dá para ser tudo que a gente quer, tem que trazer para a realidade. Por que as mulheres às vezes não têm o mesmo espaço que os homens? Simplesmente porque a gente não foi feita para isso, nosso corpo não foi feito para isso. A gente tem que lutar muito mais para ser uma atleta de alto rendimento. Lutar com oscilação hormonal no mês. A gente (mulheres) tem quatro fases diferentes dentro de um mês. Cada mulher lida com essas fases de forma diferente. Tem mulher que tem mais sintomas de TPM, mulher sensível fisicamente, outras têm mais cólicas, é muito individual”, destacou a striker curitibana.
Hoje aos 31 anos, Ariane Lipski é dona de um cartel no MMA profissional composto por 17 vitórias e 11 derrotas. A brasileira deixou o UFC em meados desta temporada, após emplacar uma série de três tropeços consecutivos. Desde então, ‘The Queen’, como é conhecida, ainda não voltou a competir. Entretanto, isso deve mudar em breve, já que a peso-mosca assinou contrato com a ‘PFL’ (Professional Fighter League).
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