Neste sábado (3), Gabriel Miranda pisará pela primeira vez no octógono mais famoso do mundo, para encarar o francês Benoit Saint-Denis, pelo card do UFC Paris. No entanto, a estreia no principal evento de MMA do mundo, por pouco, não virou apenas um sonho frustrado de mais um ex-atleta da modalidade. No final do ano passado, o brasileiro, sentindo-se estagnado na carreira e com problemas pessoais, cogitou pendurar as luvas, mas, após uma mudança de ares e a ajuda de uma nova equipe, e até mesmo de uma figura inesperada, ‘Fly’ não só desistiu da ideia de se aposentar prematuramente, como garantiu um contrato com o Ultimate.
Depois de cerca de uma década se desenvolvendo no MMA sob a batuta de Cristiano Marcello na equipe ‘CM System’, em Curitiba (PR), Gabriel ‘Fly’ se mudou para a Flórida (EUA), onde foi acolhido pela academia ‘MMA Masters’, comandada por Daniel Valverde e Cesar Carneiro, e que possui no seu plantel de atletas filiados um velho conhecido dos brasileiros: o polêmico meio-médio (77 kg) do UFC Colby Covington.
Em 2017, após derrotar Demian Maia no UFC São Paulo, Covington proferiu impropérios direcionados ao público brasileiro, se tornando, desde então, uma espécie de ‘inimigo público’ do Brasil. Ciente do incidente do passado, Gabriel Miranda chegou à ‘MMA Masters’ incerto sobre como seria sua relação com o novo colega de time, mas, desde o seu primeiro dia na academia, percebeu que todas as polêmicas não passavam de encenação do lutador americano, como uma forma de se promover na carreira. Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag Fight, ‘Fly’ recordou a surpresa com os primeiros contatos amigáveis com ‘Chaos’ e exaltou o companheiro de treinos.
“No final do ano passado, aconteceram algumas coisas na minha vida, na minha vida pessoal, e eu estava me sentindo um pouco estagnado. Eu fazia tudo que tinha que fazer e não acontecia. Aí eu falei para mim mesmo: ‘Preciso fazer alguma coisa diferente. Não sei o que eu faço’. De repente, caiu a ficha: ‘Sai da sua zona de conforto, sai de tudo que você conhece, começa alguma coisa nova’. E eu vim para os Estados Unidos. Vim de olho fechado, só com a fé e a certeza que alguma coisa iria acontecer. As coisas foram fluindo, conheci a ‘MMA Masters’, conheci os mestres Daniel Valverde e Cesar Carneiro, conheci o Colby (Covington) também, que foi uma grande surpresa para mim”, recordou ‘Fly’, antes de completar.
“Eu estava com receio de conhecê-lo, por toda a história que ele tem com o Brasil, mas o cara é muito gente boa. Realmente é só para a TV, só para vender aquele personagem que ele tem. Me receberam de braços abertos na academia. Ele é incrível, um cara muito dedicado, assim como eu. É um cara dedicado, está sempre disposto a ajudar a galera. Eu me surpreendi muito quando conheci ele, é um cara totalmente diferente do que eu imaginei que ele era. Tanto que, quando eu cheguei na academia, a primeira pessoa que eu vi depois dos mestres foi ele e eu pensei: ‘Vixi, logo de cara esse bicho aí’. Aí comecei a conversar com ele, fui super bem recebido, com alegria, me deu boas-vindas. Aí eu pensei: ‘Ah, é um personagem mesmo'”, finalizou o lutador brasileiro.
Gabriel Miranda, de 32 anos, chega ao UFC com um cartel de 16 vitórias, sendo 15 delas por finalização, e cinco derrotas. Neste sábado, o brasileiro terá pela frente o francês Benoit Saint-Denis, que possui um triunfo e um revés no octógono do Ultimate, pelo card do UFC Paris, primeiro evento da organização presidida por Dana White na França.