No início do mês, Gilbert Burns entrou em ação na luta principal do UFC Vegas 97 em busca de redenção. Pressionado por duas derrotas consecutivas, o brasileiro precisava retomar o caminho das vitórias para voltar a postular como um possível desafiante ao título no futuro. Dentro do octógono, porém, uma performance apagada contra Sean Brady rendeu a terceira derrota seguida para ‘Durinho’ – a pior marca de sua carreira no MMA profissional. Aos 38 anos, há quem crave que as chances do especialista em jiu-jitsu eventualmente se tornar campeão do Ultimate foram encerradas. O meio-médio (77 kg) de Niterói (RJ), entretanto, ainda possui fé em si próprio e reforça o compromisso com a conquista do cinturão da categoria.
Em entrevista exclusiva à equipe de reportagem da Ag Fight, Durinho admitiu que se encontra em uma situação bastante delicada na empresa. A má fase fez com que o brasileiro se afastasse do pelotão de elite e caísse para a oitava colocação no ranking. Sendo assim, para vislumbrar uma nova chance de competir pelo título dos meio-médios, Gilbert destaca que precisaria de uma sequência perfeita e sem erros. Ciente do cenário adverso, Burns destaca que a magnitude do desafio o motiva a alcançar o topo da modalidade com uma idade que poucos atletas até então conseguiram.
“Segue. O foco é o cinturão sim. Quando não for, todo mundo vai saber. E fica um foco maneiro, porque acontecendo, vai ser uma parada inédita. Vai ser o Glover Teixeira dos meio-médios (risos). Vai dar um filme. Passando por esse momento ruim. Acho que teria que fazer três ou quatro lutas para merecer uma disputa de cinturão. Vamos lá, entrando no ‘fantástico mundo do Durinho’: ganhei as quatro lutas, ganho a disputa de cinturão, ganho o cinturão, é filme. É livro, vira filme. Não tenho mais tempo para errar. Eu acredito nesse ‘fantástico mundo do Durinho’ (risos), acredito que ainda é possível (conquistar o cinturão). Está difícil? Está. Nunca foi fácil. Só eu que tenho que acreditar”, reforçou o faixa-preta de jiu-jitsu.
Mudança de tratamento
Após ser superado por pontos por Brady e emplacar sua terceira derrota consecutiva, Gilbert ressaltou que um erro pessoal pode ter ajudado a explicar seu desempenho abaixo da média. O brasileiro relatou dificuldades no corte de peso e posterior reidratação, o que o teria deixado sem a energia necessária durante o combate mais recente. Apesar da sua versão, Durinho admite que passou a sentir uma diferença de tratamento no seu dia a dia. Em sua visão, é como se uma chave tivesse virado após o duelo com Sean e, agora, a maioria das pessoas ao redor o olhassem com desconfiança sobre uma nova guinada positiva em sua carreira.
“Depois dessa derrota, consigo ver o jeito que as pessoas falam. Chego na academia e dizem: ‘Pô, podiam fechar você contra o Nick Diaz’. Aí penso: ‘Esse aí não acredita mais’. Mas ele não precisa acreditar. Aí outro fala: ‘Pô, achei que você estava meio lento’. Estava lento, não bati o peso bem. Mas não tenho desculpas, o cara lutou bem também. Não tem como tirar o mérito do cara. Vejo muitos lutadores que falam: ‘Não estava lá, não apareci para a luta’. Não. O cara lutou para caramba. Na hora que era para eu estar bem, não estava. E o cara ganhou, mérito dele. O que eu fiz de errado para não estar bem naqueles 25 minutos? Só isso que quero saber, para ir atrás e melhorar”, relatou Gilbert.
Em busca de dicas de ouro
Para voltar a competir no mais alto nível, Durinho planeja, acima de tudo, buscar conhecimento e ‘dicas de ouro’ de pessoas que passaram pelo o que ele busca experienciar. Um exemplo vivo e recente disso foi Glover Teixeira que, após um longo período no Ultimate, viveu seu auge na faixa dos 40 anos de idade, se tornando campeão dos meio-pesados (93 kg) da organização. No intuito de sugar toda a experiência possível, o especialista em jiu-jitsu projeta uma visita até a academia do veterano mineiro.
“Uma coisa que eu quero muito fazer é ouvir essa galera que lutou (em alto nível) com a idade mais alta. Trocar uma ideia com o Glovão, passar um tempo lá treinando com o Glover. Iria agora, mas não queria ir em um momento de camp do Poatan, porque ele vai estar ocupado. Quero ir lá para trocar ideia com o cara, almoçar, treinar. Quero aprender muito com o Glovão, era algo que eu já queria ir lá há muito tempo. Quero buscar isso, ir lá, aprender com o Glovão, trocar várias ideias, perguntar todas as dúvidas que tenho. Vitor Belfort também está me chamando, é um cara que devo trocar uma ideia, tomar um café essa semana. Ouvir um pouco o que ele acha, porque é tipo um mentor meu mesmo”, projetou o brasileiro.
No MMA profissional desde 2012, Durinho construiu uma carreira, até aqui, de 30 combates – conquistando 22 vitórias e oito derrotas. O brasileiro viveu seu auge no UFC entre 2018 e 2021, quando emplacou seis vitórias que o levaram até o sonhado ‘title shot’. Diante do então campeão Kamaru Usman, que também era seu companheiro de equipe, Gilbert acabou sucumbindo e perdeu via nocaute técnico.