Entrevistas
Durinho confia em ‘title shot’ com vitória imponente sobre Masvidal: “Nocautear ou finalizar”
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por
Neri Fung, em Niterói (RJ)
Desde que teve a oportunidade de lutar pelo cinturão peso-meio-médio (77 kg) do UFC, contra o então campeão Kamaru Usman, em fevereiro de 2021, Gilbert Burns vem aceitando enfrentar adversários posicionados abaixo dele no ranking da divisão, mesmo que, à primeira vista, soe como um retrocesso em sua carreira. No próximo dia 8 de abril, novamente, o brasileiro terá pela frente um rival com pouco a oferecer em termos de classificação no top 15 da categoria, o americano Jorge Masvidal, atual 11º colocado na lista, seis degraus abaixo de ‘Durinho’. Mas isso não preocupa o niteroiense.
Focado em garantir um novo ‘title shot’, o faixa-preta enxerga no combate marcado para o UFC 287 uma boa oportunidade de conquistar ou, pelo menos, se aproximar de seu objetivo. Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag Fight (clique aqui), Durinho admitiu que tinha outros alvos – melhores posicionados no ranking até 77 kg do Ultimate do que Masvidal – em mente para seu próximo compromisso no octógono mais famoso do mundo. De acordo com Burns, logo após sua vitória sobre Neil Magny no UFC Rio, no dia 21 de janeiro, seu próprio empresário já havia lhe contado sobre o interesse da organização em promover o confronto contra Jorge Masvidal.
Mesmo assim, Durinho ainda tentou desafiar Colby Covington e Belal Muhammad, que assim como ele fazem parte do top 5 da divisão, na coletiva de imprensa pós-show. Outra opção do brasileiro seria uma revanche contra Khamzat Chimaev, mas o russo, que o derrotou em abril do ano passado, deve subir para a categoria dos médios (84 kg), segundo informações que o niteroiense recebeu. Sendo assim, diante de cenários complexos para o casamento de uma luta contra esses adversários, o faixa-preta optou por aceitar o duelo contra ‘Gamebred’ e confia que, com uma atuação convincente, pode ficar perto de uma disputa de título.
“Eu quero ir em busca de outra disputa de cinturão, quero ganhar esse cinturão. Eu meio que sabia que o Colby ia ser difícil, o Belal já negou a luta no Rio (de Janeiro), eu sabia que novamente teria que dar um passo para trás (e pegar alguém ranqueado abaixo). Mas eu não estou nem ligando. Foi que nem com o Neil Magny. Muita gente falou que eu não tinha nada a ganhar, mas se você for lá, entrar e ganhar bem para caramba, isso te dá um resultado. Então, esse é o objetivo agora. Toda vez que eu entrar ali eu vou querer acabar com a luta, vou querer nocautear ou finalizar. É isso que eu vou estar treinando para fazer e é isso que eu vou fazer contra o Masvidal”, afirmou Gilbert, antes de citar o exemplo do atual campeão da categoria para justificar seu otimismo.
“Se a gente lembrar do Leon Edwards, uma luta antes dele disputar o cinturão foi uma luta contra o Nate Diaz, que não estava nem no ranking. Ele nem acabou com a luta e mesmo assim conseguiu o title shot. Então, eu acho que estou em uma situação bem parecida. Acho que se eu acabar com a luta, principalmente contra o Masvidal, acho que eu consigo decretar uma luta pelo cinturão. E mesmo se não conseguir, eu vou cavar uma disputa para quem vai ser o ‘contender’ para disputar o cinturão”, ponderou.
Diante de Masvidal, Durinho vai encarar um adversário em má fase na carreira e que vive um momento turbulento também na sua vida pessoal. Além de ter trocado recentemente de empresário, o americano está respondendo na Justiça por um caso de suposta agressão contra o desafeto Colby Covington, que teria acontecido do lado de fora de um restaurante na Flórida (EUA), alguns dias após o combate entre eles, vencido por ‘Chaos’. Independentemente disso, o brasileiro espera encontrar um oponente “renovado” e com ‘fome’ de vitória, mas garante que estará preparado.
“Ele tem que ganhar, está vindo de três derrotas, e tem que ganhar. Quatro derrotas vai ser o fundo do poço para ele, vai ser bem difícil dele se recuperar, talvez até um pensamento de aposentadoria. Então, acho que ele vai dar tudo nesse camp para vir com tudo para essa luta. É o que eu estou esperando: um Masvidal renovado. Ficou um tempão sem lutar, colocou a cabeça no lugar, trocou de manager agora. Eu acho que teve algumas mudanças na carreira e na vida pessoal que eu acho que ele vai vir bem renovado. E espero que ele venha 100%, porque eu vou estar faminto e vou estar ali para acabar com a luta, desde o começo. Meu objetivo não é só ganhar, não é só uma (vitória por) decisão, meu objetivo é finalizar ou nocautear o Masvidal. E dominar a luta. Espancar ele e decretar uma disputa de cinturão. Esse é o objetivo”, concluiu.
Em sua primeira oportunidade de disputar o cinturão até 77 kg do Ultimate, Gilbert Burns acabou superado pelo então campeão Kamaru Usman, em fevereiro de 2021. Desde então, Durinho subiu no octógono em mais três ocasiões, colecionando duas vitórias, contra Stephen ‘Wonderboy’ Thompson e Neil Magny, além de uma derrota para Khamzat Chimaev. Por sua vez, Jorge Masvidal perdeu seus últimos três compromissos no UFC, os dois primeiros diante de Kamaru Usman, em lutas pelo título, e o mais recente contra Colby Covington, seu ex-amigo e atual desafeto.
Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.