Entrevistas
Dricus du Plessis propõe teoria para explicar desconfiança sobre seu estilo de luta
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Diego Ribas, em Las Vegas (EUA)
Apesar de ser o atual campeão peso-médio (84 kg) e ocupar uma vaga no top 5 do ranking peso-por-peso do Ultimate, Dricus du Plessis ainda enfrenta resistência de parte da comunidade do MMA, que frequentemente coloca sua real capacidade como lutador em xeque. Ciente da desconfiança de alguns sobre suas habilidades, o sul-africano parece não se abalar com a situação e tem, inclusive, sua própria teoria para explicar a ‘implicância’ com seu jogo dentro do octógono.
Dono de um estilo de luta pouco ortodoxo, ‘DDP’ é classificado, muitas vezes, como um atleta desengonçado – avaliação que acaba subestimando o talento do campeão e, às vezes, vem acompanhada de deboche. Para Du Plessis, no entanto, esta visão sobre sua técnica, além de equivocada, não passa de ignorância de seus detratores.
Em entrevista exclusiva à equipe de reportagem da Ag Fight, Dricus sugeriu que a desconfiança em relação as suas habilidades se deve ao fato de ser o único lutador da África do Sul a ter alcançado o mais alto nível da modalidade. Portanto, de acordo com o campeão do UFC, as pessoas ainda não se acostumaram a ver um atleta de MMA com características como as suas, por ainda estarem se familiarizando com o estilo de luta proveniente de seu país.
“É um estilo muito único, porque sou o primeiro sul-africano lutando nesse nível. Acho que é isso que torna esse estilo tão difícil de entender. Os sul-africanos têm seu próprio estilo, mas não houve muitos de nós no UFC, especialmente não neste nível. Eu sou o único que já chegou nesse nível. E acho que é por isso que parece tão diferente. Porque as pessoas não entendem nosso estilo. Essa é a nossa cultura. Nós vamos, levamos um soco e nós damos um. É assim que nós somos. Quando o árbitro diz ‘lutem’, vamos com tudo, faça o que tiver que fazer para vencer a luta. Não precisa ser bonito, mas é sobre vencer. Acho que é assim que meu estilo foi desenvolvido. E, claro, no aspecto técnico, sei que algumas pessoas pensam que não parece nada técnico, mas tudo o que fazemos é planejado. Nós treinamos dessa forma porque achamos que é mais eficaz. E, até agora, provou ser mais eficaz, porque eu sou o campeão”, explicou Du Plessis.
Diferença para países com tradição
Por outro lado, atletas de outros países com mais tradição nos esportes de combate – ainda que sejam diferentes entre si – possuem um estilo em comum com seus compatriotas. Assim, na visão do sul-africano, é mais fácil para o fã ou especialista do MMA compreender e aceitar a forma como estes lutadores se apresentam no octógono.
“Se você olhar para os caras lutando o estilo de luta brasileiro, é tão antigo… O Brasil esteve envolvido em esportes de luta pelo maior tempo possível. Os russos com seu estilo de wrestling, como ele (Khamzat Chimaev), Khabib (Nurmagomedov), Islam (Makhachev)… Todos esses lutadores têm um certo estilo que eles conhecem. Está gravado na cultura deles. E o mesmo acontece com o Brasil. Todo mundo luta com o coração. Os caras do grappling, do wrestling, do striking, todo mundo tem um padrão. Os lutadores americanos têm seu próprio estilo. Os lutadores britânicos têm seu próprio estilo com o boxe e a forma como usam as mãos”, ponderou.
Estilo à prova no UFC 319
Neste sábado (16), o estilo ‘desengonçado’, mas eficaz de Dricus du Plessis vai novamente ser colocado à prova no octógono mais famoso do mundo. Pela luta principal do UFC 319, em Chicago (EUA), o campeão sul-africano vai tentar defender seu cinturão peso-médio diante do wrestler russo Khamzat Chimaev, dono de um currículo invicto como profissional.
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Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.