Por mais que lidem diariamente com árduos treinos e uma rotina desgastante que leva o condicionamento físico ao limite, os lutadores de MMA não estão blindados para aqueles desafios não palpáveis, de ordem mental. Carlos Leal é uma prova viva disso. Hoje em destaque no UFC, o meio-médio (77 kg) brasileiro abriu o jogo sobre um período turbulento de sua carreira, quando teve que lidar com a depressão e chegou, inclusive, a anunciar sua aposentadoria dos esportes de combate.
Em bate-papo franco com a equipe de reportagem da Ag Fight, ‘The Lion’, como é conhecido, destacou que, à época, problemas pessoais o fizeram perder a paixão pela luta. Sendo assim, mesmo com apenas 23 anos de idade e, até então, em seu auge esportivo, recém-chegado ao Bellator, Carlos interrompeu sua carreira por um longo período e se afastou totalmente do esporte durante o ano de 2018 – até se reencontrar mentalmente para voltar à ativa no fim da temporada seguinte.
“Sim (cheguei a me aposentar). Passei por um momento difícil, uma situação pessoal que acabou me deixando em uma depressão. Perdi o amor por lutar. Isso foi em 2017 para 2018. Tinha acabado de fazer a luta mais importante da minha carreira, estreado com vitória no Bellator, na casa do adversário, card principal, em um mega evento que eles fizeram. Mas tive problemas pessoais depois dali que tiraram totalmente meu amor pela luta. Então fiz uma promessa para mim mesmo: ‘Enquanto meu coração queimar igual queimava quando eu lutava, não volto mais a treinar e não faço mais isso’. Passei esse período, um ano sem treinar. Só assistindo lutas e sobrevivendo, na verdade”, relembrou Leal.
Ressignificar Abu Dhabi
Ao contrário de sua estreia no Bellator, que veio com vitória, Carlos ainda guarda um sabor amargo de seu debute no UFC. Em outubro de 2024, o brasileiro foi até Abu Dhabi e mostrou um grande desempenho contra Rinat Fakhretdinov. Os juízes, entretanto, assinalaram vitória para seu o rival russo – uma decisão bastante polêmica e contestada por fãs e mídia especializada. Disposto a superar de vez o ‘fantasma’, Leal retornará à capital dos Emirados Árabes Unidos neste sábado (26), de olho em um desfecho diferente, desta vez contra Muslim Salikhov.
“A maior lição é não deixar a luta na mão dos árbitros (…) Depois daquele resultado negativo – por mais que saiba que venci aquela luta -, comecei meu camp para o Morono com outra mentalidade, pronto para mostrar outra versão e consegui mostrar. E essa mentalidade trouxe para cá. Eu mesmo estou colocando essa pressão. Quero lutar de novo lá (Abu Dhabi), tenho uma história lá, só que agora vou escrever ela diferente. E vai ser com a minha mão levantada no final. Porque me preparei muito para essa luta não chegar até o fim”, projetou o brasileiro.
Além de Carlos Leal, outros três brasileiros entram em ação no UFC Abu Dhabi deste sábado. Na luta de abertura, o multicampeão de jiu-jitsu Marcus ‘Buchecha’ faz sua estreia na liga contra Martin Buday. Também no card preliminar do show, Amanda Ribas e Tabatha Ricci fazem um duelo 100% verde-amarelo no peso-palha (52 kg). O ‘main event’ da noite fica com a disputa entre Robert Whittaker e Reinier De Ridder.
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