Siga-nos

Entrevistas

Dedé Pederneiras critica arbitragem após derrota de José Aldo no UFC: “Prejudicado mais uma vez”

O confronto entre José Aldo e Mario Bautista, disputado no início do mês, no UFC 307, gerou bastante polêmica, sobretudo por conta de seu resultado. Há quem, como TJ Dillashaw, considere o desfecho do duelo justo. Do outro lado, nomes como Dana White e Conor McGregor discordaram da vitória na decisão dividida assinalada a favor do americano. E o grupo que defende a segunda linha de raciocínio ganhou um reforço de peso: Dedé Pederneiras. Treinador do ‘Campeão do Povo’, o líder da equipe ‘Nova União’ não mediu palavras e, em entrevista exclusiva à equipe de reportagem da Ag Fight, detonou a arbitragem e seus critérios no show numerado sediado em Utah (EUA).

Principal mentor da carreira do brasileiro nas artes marciais mistas, Dedé admitiu que o rendimento de Aldo no duelo foi aquém do esperado pela equipe. Em contrapartida, o treinador do veterano criticou abertamente a figura de Mike Beltran – árbitro responsável por mediar a luta contra Bautista. Na visão de Pederneiras, faltou proatividade do profissional ao longo do combate para separar os atletas após as inúmeras tentativas de ‘amarrar a luta’ feitas por Mario. De acordo com Dedé, houve, inclusive, uma conversa antes da luta com Beltran para debater exatamente esse tópico.

“O Aldo não rendeu tudo que ele treinou, rendeu abaixo. Não muito, mas abaixo da nossa expectativa. Mas faço o crédito desse rendimento a menos por conta do tipo de luta do adversário e da permissividade do árbitro. Mesmo tendo sido comunicado antes da luta por mim, que na última luta do Aldo, no mesmo lugar, em Utah, o outro atleta não quis lutar e só ficou travando na grade. Perguntei qual seria a posição dele em relação a isso, se um cara ficasse travando na grade sem fazer nada, perguntei o que ele faria. E ele falou para mim que separaria (os atletas). Só que não foi o que aconteceu. Sim (o árbitro é o Mike Beltran). E o Jason Herzog fez a mesma coisa (na luta com o Merab). Mais uma vez o Aldo foi prejudicado por uma má arbitragem. Má não. Péssima arbitragem”, desabafou Dedé.

Punição para os árbitros

Erros de postura dentro do octógono ou de julgamento fora dele vindos da arbitragem podem prejudicar consideravelmente a carreira de um atleta. Com Aldo, por exemplo, o mais recente revés diminuiu bastante as chances do brasileiro disputar novamente o cinturão da companhia no futuro. Baseado nesses conceitos, Pederneiras defende que os profissionais designados para mediar e pontuar um combate recebam algum tipo de penalização em caso de falhas.

Caso contrário, em sua visão, os árbitros não serão pressionados a elevar o nível de atuação e, mesmo em meio a polêmicas, seguirão na ativa dentro das principais ligas de MMA do mundo. Vale ressaltar que sanções pontuais já ocorreram no passado. Um dos profissionais mais condecorados do Brasil, Mário Yamasaki foi banido de eventos do UFC por Dana White após, na opinião do dirigente, cometer erros claros no combate disputado entre Valentina Shevchenko e Priscila Cachoeira, em 2018, ‘permitindo’ que Pedrita fosse castigada dentro do octógono.

“A culpa da luta ter sido ruim a ponto do público inteiro vaiar a luta, é do (Mike) Beltran. Se o UFC deixar isso acontecer, deixar que árbitros como o Beltran deixem a luta acontecer na grade sem nenhum tipo de ação, de caminhar para frente, o UFC vai acabar (…) Não quero prejudicar ninguém. Mas o que não entendem é: um árbitro faz uma cagada e os juízes laterais fazem cagada, seja por erro ou má fé, no dia seguinte, os caras estão vivendo a vida normal, não muda nada. Eu já tive um atleta que foi prejudicado pela arbitragem e uma semana depois foi mandado embora. Se não existir algum tipo de punição para a arbitragem e juízes por fazerem m*** na p*** da luta, os caras vão continuar fazendo cagada. Por que só o lado do lutador paga? Esses erros assim são grotescos”, opinou o líder da Nova União.

Noite ruim para a Nova União

O UFC 307 definitivamente não foi uma noite positiva para a Nova União e Dedé Pederneiras. Além da derrota polêmica de José Aldo, outra representante da equipe também entrou em ação e acabou superada por pontos: Ketlen Vieira. Diante da bicampeã olímpica de judô, Kayla Harrison, a brasileira perdeu a chance de se credenciar para disputar o cinturão peso-galo (61 kg) feminino da entidade.

Natural do Rio de Janeiro, Gaspar Bruno da Silveira estuda jornalismo na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Fascinado por esportes e com experiência prévia na área do futebol, começou a tomar gosto pelo MMA no final dos anos 2000.

Mais em Entrevistas