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Diego Ribas

Entrevistas

De volta, Thomas Almeida promete nova versão na ‘Ilha da Luta’: “Atleta completo”

Tido como uma das maiores promessas do MMA brasileiro nos últimos tempos, Thomas Almeida sofreu com uma sequência desagradável de lesões que o deixaram afastado das competições por mais de dois anos. Agora, prestes a retornar ao octógono, diante de Jonathan Martinez, neste sábado (17), no UFC ‘Fight Island 6’, o peso-galo (61 kg) promete apresentar uma nova versão do lutador que encantou a todos no início de sua trajetória no Ultimate, fruto de muito estudo e trabalho no tempo em que ficou longe da ação.

Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag. Fight, o paulista destacou sua evolução no período em que ficou longe do octógono e exaltou a felicidade por poder voltar a competir, descartando a possibilidade de que uma possível ansiedade possa atrapalhar seu retorno. ‘Thominhas’ ainda ressaltou o sentimento positivo que nutre pelo esporte, que, segundo ele, só cresceu durante esse período difícil de sua carreira.

Afastado até mesmo dos treinos, por alguns meses, em virtude da séria lesão na retina, a qual teve que ser corrigida através de cirurgia, Thomas encontrou no estudo de vídeos de combates a chance de se manter conectado com o esporte e, ao mesmo tempo, aprender mais sobre técnicas e táticas utilizadas por seus colegas de profissão. E, de acordo com o atleta da equipe ‘Chute Boxe São Paulo’, a análise, em conjunto com os treinamentos, serviu para auxiliá-lo na sua evolução, especialmente na adição de novas armas em seu jogo.

“Eu lutei a minha vida toda. Tenho diversas lutas, tenho experiência. Hoje em dia eu sou um cara mais velho, mais vivido. Evolui muito nesse tempo parado. Então, eu não coloco como ansiedade. Quero que chegue logo pela felicidade de fazer o que eu amo, que é lutar. Eu gosto muito de lutar. E ficou muito forte para mim nesse tempo em que eu fiquei afastado, o quanto eu gosto disso. Gosto de lutar, eu gosto de competir, sou um cara que gosta de grandes desafios. Então, eu vejo isso não como ansiedade, mas como um ponto positivo. Quero que chegue logo, mas quero aproveitar também todo o processo, que é o mais importante”, explicou Thomas, antes de comentar sobre sua evolução e prometer surpreender os fãs no sábado.

“Ser um atleta de MMA completo. Tem horas que você precisa botar a luta para baixo, controlar a luta, fazer um jogo de grade. Usar todas as áreas. E eu estudei bastante, até porque teve uma época em que eu não estava podendo treinar. Então, eu não queria deixar a minha mente sair do mundo da luta. Então, eu estudei, vi vídeos, vi técnicas. Essa foi a maneira como eu me adaptei e que serviu para eu evoluir como lutador. A parte de wrestling, de luta agarrada. São áreas que eu não desenvolvia muito. Se você analisar minhas lutas antigas, era só trocação e porrada. E o MMA não se limita a isso. Tem que expandir, ser um lutador completo. Esse é o ponto que eu sempre estou buscando evoluir. Mas vocês vão ver a performance no sábado. Deixa essa surpresa para a galera”, declarou.

Se a ansiedade pelo retorno não parece fazer parte da rotina do lutador nos dias que antecedem o evento na ‘Ilha da Luta’, em Abu Dhabi (EAU), a troca de adversários chegou a preocupar o peso-galo, ainda que por um breve momento. Escalado inicialmente para enfrentar o mexicano Alejandro Perez no show marcado para o dia 11 de outubro, Thomas viu seu oponente ser retirado do card de última hora após testar positivo para COVID-19.

Sem adversário, o brasileiro admite que se sentiu frustrado com a possibilidade de seu aguardado retorno ser cancelado. Porém, o trabalho incansável do UFC na busca por um substituto, que culminou na escolha de Jonathan Martinez e na troca de datas do combate, tranquilizou ‘Thominhas’. De fato, o peso-galo enxerga inclusive um lado positivo na situação, com os dias a mais que teve para se adaptar ao fuso-horário de Abu Dhabi.

“No primeiro momento eu fiquei frustrado, mas o UFC me garantiu (que encontraria um novo rival), me passou uma grande segurança. O Sean Shelby fez um excelente trabalho.  Logo em seguida, ele já estava atrás de adversário. Quero até agradecer a eles pelo excelente trabalho. Logo ele já tinha um novo adversário em mente e eu percebi que eles estavam se esforçando para resolver tudo. Fiquei feliz logo, rapidinho passou (a tensão). Foi mais um teste para provar a minha paciência, porque eu sabia que essa é a minha hora, que a minha hora chegou, e vai dar tudo certo”, afirmou Almeida, antes de analisar o período que leva hospedado na ‘Ilha’.

“Com certeza ajudou na minha melhor adaptação. O fuso horário é complicado, nos primeiros dias a gente fica muito cansado. Mas eu já estou mais acostumado, com o clima também. O clima não interfere muito porque todos os locais tem ar condicionado. Então, o calor não conta muito. É mais o fuso horário que é complicado. E esse tempo a mais me ajudou”, ponderou.

No entanto, a adaptação a Abu Dhabi não foi a única pela qual ‘Thominhas’ teve que se submeter nos últimos dias. Com a troca repentina de oponente, o brasileiro se viu obrigado a fazer pequenas alterações em sua estratégia de luta. Nada que preocupe o peso-galo, que promete estar preparado para encarar o canhoto Martinez.

“Sim, mudou (a estratégia). Meu adversário é canhoto. Então, eu tenho que trabalhar algumas coisas para anular o jogo do canhoto. Mas eu já estou preparado para isso. Sempre treino com canhotos, até porque a gente sabe que pode acontecer uma mudança de adversário. Não é o que a gente quer, mas tem que se preparar para isso, para nunca ser pego de surpresa. E nesses últimos dias eu tive tempo de montar uma estratégia melhor, adaptar um pouco o jogo específico para o meu adversário e performar da melhor maneira possível”, concluiu.

No MMA profissional desde 2011, Thomas Almeida soma 21 vitórias, sendo 17 por nocaute, e apenas três derrotas em sua carreira. Por sua vez, Jonathan Martinez, rival do brasileiro no UFC ‘Fight Island 6’, neste sábado, possui 12 triunfos e os mesmos três reveses do atleta da ‘Chute Boxe São Paulo’.

Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.

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