No próximo dia 31 de dezembro, a histórica vitória de Wanderlei Silva sobre Ricardo Arona no evento japonês Pride completa 15 anos – a disputa colocava em jogo o cinturão dos pesos-médios (84 kg) do extinto Pride. Mas além deste combate, a data também marcou a famosa confusão envolvendo ‘Wand’, Cristiano Marcello e Charles Bennett, mais conhecido como ‘Krazy Horse’, no vestiário do evento. Por isso, o ‘Cachorro Louco’ fez questão de dar mais detalhes de bastidores desse episódio e como esse dia marcou eternamente a sua vida.
Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag. Fight, Wanderlei recordou o episódio, que ganha destaque em sua biografia, lançada em outubro deste ano e escrita pelos jornalistas Thiago Parijiani e Luis Henrique Gurian. De acordo com o ex-lutador do UFC, ele realmente foi nocauteado por ‘Krazy Horse’ logo após o americano ter sido finalizado por Cristiano Marcello em um briga no vestiário. Na sequência, o veterano ainda contou com a ajuda da sua equipe para contornar a situação para não atrapalhar sua performance contra Arona menos de uma hora depois.
“Eu me preparava para fazer a luta mais importante da minha vida, que era uma revanche contra o Ricardo Arona, meu arquirrival, arquirrival da minha equipe. Um atleta entrou no vestiário, começou a se encrencar com meu professor de jiu-jitsu (Cristiano Marcello) e eles começaram a brigar, meu professor deu uma chave e o colocou para dormir. Aí acordaram o cara e eu, metidão, fui empurrar ele para fora. Para que, né?! Nessa que eu empurrei, ele virou me deu uma bomba e me nocauteou”, disse Wanderlei, emendando.
“Depois estava sentado no banco e perguntei para o Rafael (Cordeiro): ‘O que aconteceu?’. Ele me disse que o cara tinha me nocauteado. Sai correndo atrás do cara e ele sumiu. Voltei para o vestiário porque ainda tinha que lutar no evento e minha equipe foi muito inteligente. Meu mestre (Rudimar Fedrigo) me disse: ‘Agora que você está pronto’. Não achei que aquilo pudesse ser algo que me prejudicasse”, concluiu.
Passada a confusão, Wanderlei precisava focar no combate contra Ricardo Arona, que acabara de vencê-lo quatro meses antes, em duelo que representava a alta rivalidade entre as equipes dos dois atletas. Na ocasião, ‘Wand’ venceu a luta por decisão dos jurados e teve o sentimento de dever cumprido. Com a emoção a flor da pele por tudo que havia passado naquela noite, o lutador relembrou que não conteve as lágrimas em seu retorno ao vestiário.
“Eu ganhei nos detalhes. As regras que valiam bater no adversário no chão o favoreciam. Eu estava engasgado, porque depois da (primeira) luta ele soltou um grito na minha cara. Só fui ver depois, mas me deixou azedo e queria devolver. Foi 2 a 1 para mim e o resultado poderia ter sido para qualquer um, porque a luta foi parelha. Quando o terceiro juiz deu a vitória para mim, vibrei muito. Lembro que voltei para o vestiário, coloquei o cinturão em uma cadeira e comecei a chorar compulsivamente. Foi um dia daqueles. Quando cheguei no hotel, eu pensei no que aconteceu. De ser nocauteado no vestiário a ganhar o título do meu arquirrival. Foi um dia de superação”, revelou.
No MMA profissional desde 1996, Wanderlei Silva tem um currículo de 34 vitórias, 15 derrotas e um empate em sua carreira. O brasileiro alcançou o destaque mundial em 2001, quando faturou o cinturão do peso-médio do Pride ao derrotar Kazushi Sakuraba. Outros momentos marcantes da carreira do lutador aconteceram em 2003 e 2004, quando derrotou ‘Rampage’ Jackson em duelos icônicos.