No último sábado (25), Valter Walker brilhou novamente no octógono mais famoso do mundo e roubou a cena no UFC 321, com vitória, finalização e bônus de ‘Performance da Noite’. Mas o que o grande público não sabe é que o brasileiro esteve muito perto de sequer competir no card numerado de Abu Dhabi (EAU). Em entrevista exclusiva à equipe de reportagem da Ag Fight, o ‘Caçador de Pés’ revelou que sofreu uma grave lesão nas costas às vésperas da luta contra Louie Sutherland. E para se manter no show e não cancelar o combate, o peso-pesado carioca precisou, como o próprio relatou, de um verdadeiro milagre.
O depoimento de Valter ganha ainda mais relevância quando o próprio admite que não tinha uma grande conexão religiosa ou espiritual em sua vida pessoal. Em um momento de necessidade, porém, o brasileiro alega ter pedido a Deus que o ajudasse a competir no evento do UFC. Sem condições de sequer se locomover sem dores, o peso-pesado carioca já se contentava com a ideia do cancelamento do combate, quando uma melhora repentina do seu quadro mudou totalmente o panorama.
“Se vocês acreditam em Deus, eu fui prova de um milagre. Minhas costas travou dois dias antes da luta. Estava pensando em cancelar a luta. Fui dormir e não respirava. Quando respirava fundo, doía muito (…) Orei para Deus e falei: ‘Faz um milagre na minha vida, vou acreditar para sempre no Senhor se amanhã eu acordar sem dor nenhuma’. Mas na minha cabeça eu já estava: ‘Impossível isso acontecer, amanhã vou acordar e cancelar a luta. Estou todo f***’. Mas aí acordei no dia seguinte sem dor nenhuma. Pensei: ‘Não é possível, deve ser sacanagem’. Quando você está com um problema de saúde, os outros problemas se tornam tão leves. Estava com a coluna travada, muito sério, sem conseguir levantar da cama. Foi (de quinta para sexta). Não acreditei (quando acordei sem dor)”, narrou Walker.
Lesão no nervo?
Sem qualquer tipo de empecilho durante a semana da luta, Valter se lesionou durante uma sessão de treino dias antes do UFC 321. Após uma atividade de wrestling, o peso-pesado sentiu fortes dores na região da coluna, sobretudo no pescoço e costas. Pela intensidade, o brasileiro e sua equipe acreditavam se tratar de algum dano no nervo. Porém, apesar da gravidade da situação, Walker optou em manter sigilo com o Ultimate até o último momento e, ‘curado repentinamente’, sequer precisou comunicar a situação para a entidade.
“Machuquei fazendo um treino normal. Quarta-feira, treinando normal como sempre faço. Saída no pé, saída nas costas. Entrando em ‘single’ e ‘double’. E minhas costas começou a doer para c***. Saí do banho, fui jantar, levantei da cadeira e minhas costas travou, começou a doer para c***. Costas, costelas, ombro, pescoço. Respirava fundo e doía mais. Aí de noite pensei: ‘Deve ser nervo, vou deitar aqui e vou acordar (melhor)’. Mas não consegui dormir a noite toda. Orei para Deus a noite toda. Pensei: ‘Vou tentar pegar no sono aqui, se Deus me curar, vou acreditar em Deus’. E acordei sem dor nenhuma, minha mulher nem acreditou”, relembrou o carioca de 27 anos.
Convertido a Deus
Logo após finalizar mais uma vez na chave de calcanhar, Valter falou a seguinte frase ainda no octógono: “Vou me converter”. Por ser dono de uma personalidade extrovertida e brincalhona, o peso-pesado não foi levado a sério. Entretanto, após passar pelo perrengue às vésperas do UFC 321 e ter conseguido competir sem nenhum tipo de dor contra o rival inglês, Walker promete, sim, buscar estreitar sua relação com a religião, a fim de retribuir o que considera ter sido um milagre.
“Minha mulher não acredita em Deus, então quando contei para ela, ela ficou rindo da minha cara. Vou converter ela e vou me converter também. Vou achar meu propósito espiritual. Não nasci só para pegar o pé de outro homem (risos), acredito que meu propósito não seja esse. Estou falando de propósito espiritual, o mundo espiritual é real. As coisas sobrenaturais existem (…) Eu não acreditava em Deus. Mas depois que aconteceu isso, hoje eu acredito”, concluiu o atleta do Ultimate.
Com a alcunha de Caçador de Pés e quatro vitórias consecutivas via chave de calcanhar, Valter Walker se consolidou como um dos nomes mais ‘hypados’ dos pesos-pesados. Já ranqueado no top 15 com apenas 27 anos, o brasileiro preza por uma estratégia conservadora para chegar até o topo. Com uma autocrítica rara no meio, o lutador radicado na Rússia admite que, apesar da boa fase, atualmente não tem nível para se testar contra o pelotão de elite da divisão.
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