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Charles Do Bronx admite que abandonou estratégia contra Topuria: “Mudaria tudo”

No dia 28 de junho, em Las Vegas (EUA), Charles Oliveira sofreu uma das derrotas mais duras de sua carreira como lutador profissional de MMA. E o revés para Ilia Topuria, que pode ter lhe custado a última chance de se tornar campeão peso-leve (70 kg) do UFC, deixou um gosto ainda mais amargo para o brasileiro por um motivo inusitado: o abandono da estratégia para o confronto. Em entrevista exclusiva à equipe de reportagem da Ag Fight, ‘Do Bronx’ quebrou o silêncio e admitiu que não seguiu o plano montado por sua equipe para o duelo contra ‘El Matador’.

Diante de um oponente invicto e com um grande poder de fogo nas mãos, Charles, na teoria, adotaria uma versão mais temperada e estratégica – misturando aspectos do MMA para levar vantagem. Mas na prática, desde o início do combate, ‘Do Bronx’ marchou para frente e trocou golpes com Topuria na curta distância – justamente onde o georgiano radicado na Espanha mais se destaca. O resultado foi brutal, com o brasileiro sofrendo pela primeira vez em 47 lutas disputadas em sua trajetória profissional, um nocaute em que perdeu totalmente a consciência.

Eu mudaria tudo. Não de treinamento. Mas sim dentro da luta. Tudo aquilo que eu treinei, não coloquei em prática. Não fiz nada do que eu treinei, nada foi feito dentro da luta. Ele teve um momento feliz, fez o trampo melhor que eu, estava na estratégia dele e se tornou campeão. Na realidade, (a estratégia) era bater e sair, pisar nos joelhos, usar sequências de mão para poder chutar em cima na cabeça, manter a distância com os meus frontais. Tinha treinado muito chute na panturrilha, muito pisão no joelho, não ficar parado. E começou a luta, eu fiquei muito parado recebendo golpes. Coisas que era para ter feito e não fiz”, lamentou Do Bronx.

Cenário poderia ser diferente?

Apesar de ter sido nocauteado ainda no primeiro assalto, como o próprio Topuria já havia previsto, Charles acredita que a luta poderia ter outro resultado caso a estratégia montada para o confronto fosse seguida à risca. Com um camp de treinos sem lesões ou imprevistos, o brasileiro admite que o sentimento após a derrota foi de frustração por não ter colocado em prática o que seu treinadores da equipe ‘Chute Boxe Diego Lima’ planejaram originalmente.

“Se eu tivesse mantido a distância, mexido as mãos, trabalhando o (chute) frontal, trabalhando os pisões, mantendo ele afastado, conectando mãos, batendo e saindo e, no ‘timing’ certo, tentar colocar para baixo, acho que seria uma luta completamente diferente. Não sei (o que levou eu a abandonar a estratégia). Na realidade, não (tinha acontecido isso antes). Mas estamos falando sobre MMA, é tudo muito imprevisível. Você monta a estratégia, mas chega lá em cima você acaba mudando e indo para outro lado, outro foco. Isso que mais me frustra. Ter treinado tanto uma coisa e não ter feito na luta”, lamentou o ex-campeão.

No momento, com sua família e amigos para digerir o resultado, Do Bronx não quer permanecer muito tempo parado. Aos 35 anos, o brasileiro ressaltou que seu plano é voltar ao octógono mais famoso do mundo ainda nesta temporada – provavelmente em novembro ou dezembro. Agora resta saber contra quem o Ultimate irá escalar Charles, atual número 3 do ranking, na próxima rodada.

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Natural do Rio de Janeiro, Gaspar Bruno da Silveira estuda jornalismo na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Fascinado por esportes e com experiência prévia na área do futebol, começou a tomar gosto pelo MMA no final dos anos 2000.

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