Com três vitórias em cinco atuações no UFC, Carlos ‘Boi’ parecia estar com a moral elevada no seu segundo contrato com a companhia. Porém, no fim de 2021, o peso-pesado deu início a um verdadeiro inferno astral. Após ser superado por Andrei Arlovski, em outubro, o brasileiro testou positivo em um teste antidoping e foi suspenso por 18 meses. Mais tarde, já no último dia 8 de março, ele ainda foi cortado desligado do evento.
Após um período longe das entrevistas, ‘Boi’ decidiu abrir o jogo e comentar sobre tudo o que aconteceu na sua carreira nestes últimos meses. Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag. Fight (clique aqui), o competidor voltou a se defender das acusações de ter feito uso de doping e detalhou passo a passo os últimos exames que fez.
Durante o desabafo, o peso-pesado baiano sugeriu um erro da Comissão Atlética de Nevada, responsável por ter feito o único teste que apontou para o uso de substâncias ilegais, e se disse injustiçado. No entanto, apesar de afirmar ter a consciência tranquila sobre sua inocência, Boi revelou o motivo de não recorrer judicialmente da pena.
“Fui pego de surpresa, porque eu tenho na minha consciência que eu não usei nada e para mim foi um choque quando meu empresário disse que cai no doping. Até suplemento eu nem estava tomando direito para evitar essas coisas. Uns 20 dias antes da luta fui testado pela USADA e o teste deu 100% limpo. Depois fui para a luta e esse da Comissão Atlética que deu irregular. Uns 20 dias depois da luta a USADA me testou de novo e deu limpo e um mês depois fiz outro e também deu 100% limpo. Então que substância é essa que sai do corpo rápido? Está na cara que foi um erro deles. Já aconteceu isso com o ‘Blindado’, com a mesma substância, ele gastou 70 mil dólares (cerca de R$357 mil) e mantiveram a pena. Então nem vi sentido em recorrer. Eles (Comissão) fazem o que eles querem”, afirmou o atleta de 27 anos, emendando.
“É um sentimento de injustiça. Se tivesse usado algo, aceitaria de boa, porque no fundo eu saberia que usei e merecia estar sendo punido. Atrasou minha carreira em uns dois anos. Mas como diz o ditado: ‘O que não mata, fortalece’. Só me deixa com mais raiva e estou com pena do meu próximo adversário (risos)”, completou.
Embora tenha ‘aceito’ a suspensão de um ano e meio longe do octógono, ‘Boi’ não esperava que ele fosse cortado do UFC. Questionado sobre essa situação, o peso-pesado revelou que acredita que a franquia foi ‘obrigada’ a tomar essa postura, mas adiantou uma condição que recebeu de um retorno assim que ele estiver livre da suspensão.
“Foi outra surpresa e foi totalmente aleatório. Se fosse para dispensar, iam fazer próximo ao resultado do doping. Eles esperaram cinco meses e eu meio que não entendi, mas sabemos que temos que fazer mais duas lutas fora do UFC para voltar para o lugar de onde nunca deveria ter saído. Eu acho que essa decisão foi mais pressão pela Comissão do que pelo UFC. Eu fazia sempre boas lutas, era uma guerra, chamava a torcida, brincava… Então não fazia sentido o UFC me dispensar”, explicou.
No MMA profissional desde 2014, Carlos ‘Boi’ soma, até o momento, 11 vitórias e duas derrotas em seu cartel na modalidade. Antes de ser superado por Andrei Arlovski por pontos, o brasileiro estava com uma sequência de três triunfos no UFC, sendo eles sobre Jake Collier, Justin Tafa e Yorgan de Castro, todos eles por decisão dos jurados.