Entrevistas

Bruno ‘Bulldoguinho’ aposta na inexperiência do rival para ganhar sobrevida no UFC

Ainda sem vencer no Ultimate após três apresentações, Bruno ‘Bulldoguinho’ chega para a última luta de seu contrato com a obrigação de vencer e convencer os dirigentes da organização que merece a renovação. Neste sábado (20), o peso-mosca (57 kg) subirá no octógono do UFC Vegas 22 para enfrentar o sul-africano JP Buys, que faz sua estreia na principal liga de MMA do mundo, um fato que o brasileiro pretende explorar a seu favor.

Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag Fight, ‘Bulldoguinho’ se mostrou consciente de que uma vitória no sábado, de preferência com uma performance de destaque, é imperativa para a continuidade de sua trajetória no UFC. Apesar da complicada situação, o paulista – que mais uma vez terá a presença de Henry Cejudo, seu companheiro de treinos e amigo pessoal, em seu corner – demonstrou otimismo e apontou a inexperiência do jovem adversário como um trunfo.

“Isso faz uma diferença. A primeira vez que você está dentro de um evento do UFC, você sente a energia, sente que aquilo é outro mundo, tudo novo. É diferente. Então, com certeza, todo mundo sente essa estreia, e com ele não vai ser diferente”, apostou Bruno, antes de corroborar sua tese ao lembrar sua primeira experiência como lutador do UFC.

“Lembro que eu fiz a minha estreia na Austrália, no evento que bateu o recorde de público do UFC, na Arena Marvel. Foi muito especial e diferente, ao mesmo tempo. Estar em um país que eu não conhecia, estreando no UFC… Acredito que sempre tem essa surpresa da estreia. Mesmo eu já tendo participado de várias lutas do Cejudo (no UFC), inclusive nas lutas pelo cinturão, e estando um pouco acostumado com esse clima, com a adrenalina, com o ambiente. Mas quando é você quem vai lutar, é tudo diferente”, afirmou.

A experiência conquistada por Bulldoguinho, antes mesmo de assinar com o UFC, ao auxiliar o ex-campeão peso-mosca e peso-galo (61 kg), é apenas um dos fatores que faz o brasileiro ser grato pela relação quase fraternal que nutre com o americano. Radicado nos Estados Unidos há alguns anos, o paulista foi praticamente adotado como membro da família por ‘Triple C’ e, como não poderia ser diferente, Henry Cejudo estará mais uma vez ao seu lado, auxiliando-o neste momento de definição na sua carreira.

“Esse cara faz total diferença na minha vida. É até difícil de falar, porque ele tem muita influência na minha vida. Eu vim para os Estados Unidos e ele me deu uma casa para ficar. Fiquei aqui, fui treinando com ele, aprendendo inglês. Não só na luta, como na vida, ele me ajudou e ainda me ajuda em muita coisa”, destacou o brasileiro, antes de completar.

“Ele é muito importante para mim, me sinto muito confiante ao lado dele. Tenho confiança no que ele me fala, no que a gente conversa. Sou uma pessoal abençoada por tê-lo do meu lado, treinando e me ajudando. Não só como parceiro de treino, mas como um irmão para a vida”, declarou.

A presença do amigo vai além do apoio psicológico. Especialista em wrestling, o americano – medalhista de ouro na modalidade nas Olimpíadas de Pequim, em 2008 – pode ser fundamental também durante o duelo entre Bulldoguinho e JP Buys. Caso a previsão do paulista esteja correta, seu adversário deve apostar na luta agarrada para sair vitorioso, enquanto Bruno tentará evitar e anular o jogo de quedas do rival, missão na qual, certamente, contará com o valioso auxílio das dicas de Cejudo antes e durante a peleja.

“Eu acho que ele vai vir para me agarrar, tentar usar o wrestling e ficar por cima. Acho que ele vai trocar um pouco para disfarçar e entrar nas minhas pernas. Tenho certeza que ele vai procurar o grappling. O último cara que eu enfrentei era um wrestler também, então a estratégia vai ser a mesma: defender a queda e bater nele em pé. Não tem muito segredo. Sinto que onde ele tem mais deficiência é na trocação, então não tem porquê eu fazer outra coisa”, concluiu.

Aos 31 anos, recém-completados no último dia 16 de março, Bruno Bulldoguinho soma dez vitórias, cinco derrotas, dois empates e um ‘no contest’ (luta sem resultado) em sua carreira no MMA profissional. Pelo UFC, onde estreou em outubro de 2019, o brasileiro saiu derrotado das três lutas que fez, mas acabou vendo o resultado negativo da estreia ser revertido para ‘no contest’ após seu algoz, Khalid Taha, ser flagrado no exame antidoping posteriormente.

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