Bruno Silva não vive a melhor fase de sua carreira. Muito pelo contrário. Com três derrotas nas últimas quatro lutas, o brasileiro quer voltar à coluna das vitórias e se consolidar novamente na categoria dos pesos-médios (84 kg). Para isso, Blindado realizou uma série de mudanças em seu camp de preparação para o UFC 294 deste sábado (21 ), em Abu Dhabi (EAU). De olho em apresentar uma nova versão dentro do octógono, relembrou o árduo trabalho desempenhado nos últimos meses.
Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag Fight, Blindado admitiu que sofria nas primeiras semanas de atividade e, inclusive, chegou a chorar em um dos treinos. No entanto, com o tempo o brasileiro se acostumou com o novo ritmo de camp. Conhecido, sobretudo no UFC, pelo seu poder destrutivo no striking, o atleta paraibano quer demonstrar uma nova faceta contra Shara Magomedov, apostando também na luta agarrada.
“O início do camp foi muito ruim. Com o Dida e com o Cris, eu só apanhava. Não fazia nada, só apanhava. Eu comecei a chorar no meio do treino: ‘Tá maluco? Eu vou só apanhar. Se eu for seguir essa estratégia aqui eu vou só apanhar na luta’. Aí ele: ‘Calma’. E como falei, eu me cobro muito. Fui para casa, relaxei, passei um mês treinando… Aí eu comecei a entender a estratégia e usar o meu estilo de luta dentro da estratégia. Foi um camp diferente porque voltei a fazer algumas coisas que fazia antes, que era botar para baixo. Estou tentando resgatar isso. E ser um pouco mais calmo, porque eu era um cara muito calmo. No UFC eu comecei a virar um cara muito mais agressivo. Então, eu estou tentando achar esse equilíbrio. Foi um camp bem diferente de todos que já fiz, mais dolorido do que cansativo”, relembrou Bruno.
Versão mais estratégica
Para retomar a boa fase, Blindado precisa se tornar o primeiro oponente a derrotar Magomedov. Estreante no UFC, o russo segue invicto no MMA profissional, com 11 vitórias no cartel. Diante de um oponente desse calibre e com uma característica de ataque bem específica dentro do octógono, o brasileiro aposta, mais do que nunca, em uma estratégia bem traçada para anular as valências do rival.
“(O camp foi) diferente de todos que já fiz. Já disse isso, eu nunca fui um cara muito estratégico. Comecei esse ano de 2023 a ser um pouco mais estratégico, ver mais lutas, estudar um pouco mais. A minha equipe também acrescentou isso comigo e a gente começou a ter mais esse trabalho. Contra o Brad Tavares a gente fez uma estratégia, a gente estudou mais ele. Com o Brendan Allen não teve muito tempo. Mas essa luta a gente sentou, analisou, treinou muito tempo em cima disso. Eu nunca lutei com um cara que chuta o tempo todo, que praticamente 70% da luta dele é chute. Ele pode ser bom de wrestling, não sei, eu não vi. Em nenhuma luta dele ele quedou ninguém, ele mal usa o boxe. Ele chuta o tempo todo”, destacou.
Além de Blindado, que abre o UFC 294, outros dois brasileiros entram em ação no card de Abu Dhabi: Warlley Alves e Johnny Walker, que enfrentam, respectivamente, Ikram Aliskerov e Magomed Ankalaev.