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‘Blindado’ destaca força mental para superar golpes baixos do rival: “Voltei com dor”

No último sábado (16), o peso-médio (84 kg) Bruno ‘Blindado’ derrotou Andrew Sanchez, por nocaute técnico no terceiro round, e, de quebra, faturou o prêmio de ‘Performance da Noite’, garantindo mais 50 mil dólares (cerca de R$ 270 mil) em sua conta bancária. A conquista, entretanto, só foi possível graças a uma prova de força mental do atleta brasileiro, que precisou superar um placar adverso e os golpes ilegais do adversário para sair com a vitória.

Após ter dificuldade para conter o jogo de ‘wrestling’ do americano e sair em desvantagem no placar depois da conclusão dos dois primeiros rounds, Bruno voltou para a etapa final focado em conseguir um nocaute. Em seu melhor momento na luta, com o rival visivelmente extenuado e acuado na grade, o brasileiro – que já havia sido atingido por dois golpes ilegais no período inicial – recebeu um novo chute abaixo da linha de cintura, este um pouco mais polêmico, já que a paralisação da peleja daria tempo para Sanchez se recompor e, possivelmente, esfriar o ímpeto do paraibano. Pela ação, ‘El Dirte’ foi penalizado com a perda de um ponto e, logo depois, pelas mãos de ‘Blindado’, que, com uma sequência de socos, obrigou o árbitro a encerrar o combate.

Em conversa com a imprensa após o evento (veja acima ou clique aqui), ‘Blindado’ revelou que sentiu bastante o último golpe baixo – em sua visão, aplicado de forma proposital pelo rival -, mas destacou sua força mental para superar rapidamente a situação adversa e voltar para o combate, mesmo ainda com dor, em busca do nocaute que lhe daria a vitória. A fixação no triunfo pela via rápida era tanto que o paraibano admitiu que só tomou conhecimento do ponto deduzido de seu adversário – pela reincidência nos golpes baixos – após a peleja, através do seu empresário.

“O último (doeu mais). O último foi muito intencional, né? O primeiro e o segundo, ele deu. O terceiro é nítido que ele olha para mim e dá um chute, como se fosse chutando uma bola, literalmente (risos). Mas eu vim saber agora que ele perdeu um ponto. Eu não estava concentrado nisso. Minha cabeça era: ‘Eu vou nocautear, eu tenho que nocautear’. Eu prometi para a equipe no vestiário. Eu falei: ‘Minhas fotos vão estar aqui um dia (na parede)’. E quando acabou o (segundo) round, eu virei para o meu treinador e falei: ‘Eu vou nocautear, eu vou desligar ele’. Porque a minha cabeça estava muito consciente no que eu quero e o que eu preciso”, contou ‘Blindado’, antes de continuar.

“Eu voltei com a dor. Estava doendo ainda. Porque eu sabia que ele estava fazendo aquilo de propósito, para ele respirar. Por mais que estivesse doendo em mim, ia ser bom para ele. Porque ele já estava cansado e eu estava inteiro para lutar. Quando ele bateu, o primeiro e o segundo foi um choque forte, mas o terceiro… Quem luta, quem usa coquilha sabe que incomoda muito a virilha. E estava doendo, mas eu falei: ‘Cada tempo que eu passar aqui vai ser bom para ele. Eu não vou deixar esse tempo para ele. Vai com dor mesmo’. Eu não vou deixar uma dor tirar a minha vitória”, concluiu.

Com o resultado positivo sobre Andrew Sanchez no UFC Vegas 40, Bruno ‘Blindado’ soma agora duas vitórias no octógono mais famoso do mundo. Em sua estreia pela organização, em junho deste ano, o peso-médio já havia superado o compatriota Wellington Turman, também por nocaute.

Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.

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