Entrevistas
Após vitória à la Pedro Rizzo, Warlley Alves exalta influência do mentor: “Aprendo muito”
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Neri Fung, em Niterói (RJ)
Na última quarta-feira (20), Warlley Alves retornou ao octógono do UFC com o pé direito, após passar o ano de 2020 afastado. Diante do tunisiano Mounir Lazzez, no co-main event da edição ‘Fight Island 8’, em Abu Dhabi (EAU), o meio-médio (77 kg) precisou de pouco mais de dois minutos de luta para nocautear o oponente e garantir a vitória. O triunfo veio através de uma poderosa sequência de chutes, justamente a especialidade do seu treinador na equipe ‘Usina de Campeões’, o ex-lutador Pedro Rizzo.
Mais conhecido por seu jogo de chão no início da carreira, o mineiro tem demonstrado evolução na luta em pé, como pôde ser visto nos três potentes chutes sequenciais aplicados por ele para derrubar Mounir Lazzez e encerrar o combate da última quarta-feira. E, de acordo com o meio-médio, Pedro Rizzo tem papel fundamental nessa melhora.
Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag Fight, Warlley exaltou o acolhimento que teve na ‘Usina de Campeões’, equipe baseada no Rio de Janeiro (RJ), ao chegar no ano passado, oriundo da ‘Team Nogueira’. O mineiro destacou a boa relação com o treinador, que durante a carreira passou por eventos como UFC e Pride, e ainda revelou que Rizzo prometeu uma nova graduação no muay thai depois do mais recente triunfo.
“Eu estou na Usina dos Campeões e o Pedro Rizzo tem literalmente me abraçado, me ajudado bastante, para dar o meu 100%, dar o meu melhor. Tem sido muito bom fazer parte desse time. E a especialidade dele é justamente aquilo que eu preciso aprimorar, que é a minha trocação, o meu kickboxing. E eu tenho conseguido aprender muito com ele”, destacou Warlley, antes de revelar a conversa com o treinador após a vitória.
“Ele me parabenizou. Até perguntei para ele se eu tinha ganhado um grau na faixa, ele disse que sim. Mas ele falou: ‘Oh, segunda-feira tem que estar na academia já para a gente continuar melhorando isso aí’. A gente curtiu a vitória, mas já estamos focados em melhorar, porque a gente sabe que daqui para frente só vai vir pedreira”, contou.
A forma como Warlley finalizou o combate diante do tunisiano, como era de se esperar, não foi obra do acaso. De acordo com o meio-médio, a estratégia montada em conjunto com sua equipe era justamente apostar nos chutes, aproveitando a potência com que ele os desferi, e principalmente tendo como alvo as costelas do adversário, brecha vista anteriormente na fase de estudos do oponente.
A agressividade e o ímpeto com os quais o mineiro abordou o combate desde o primeiro segundo também foram planejados previamente. Mais baixo e com menor envergadura, Warlley sabia que precisava encurtar a distância desde o início para anular a vantagem do rival, tática seguida à risca e treinada exaustivamente até momentos antes de subir no octógono, de acordo com ele.
“A gente estava com essa estratégia, a ideia era essa: sempre dar chutes em sequência. Porque eu bato forte e a gente sabia que ele tinha essa brecha na cintura. A gente já estava com esse plano. A matemática é bem simples: o sniper, ele precisa de distância. Ele é um cara que dá tiro longo. Então, eu tive que encurtar para deixá-lo com a sensação de desconforto o tempo inteiro, agredindo ele com toda a força que eu podia fazer ali no momento”, revelou Warlley, antes de continuar.
“Essa era a estratégia da luta. Inclusive, eu estou tentando disponibilizar o vídeo do sistema de segurança do ginásio, porque tem câmeras de segurança no vestiário, e tudo que a gente fez no aquecimento foi o que eu fiz na luta. Parecia que a gente estava dentro do vestiário aquecendo, foi exatamente igual”, contou.
Satisfeito com a vitória em seu retorno, o meio-médio já volta seu foco novamente para os treinamentos, a fim de continuar sua evolução para os próximos desafios. Com planos ambiciosos para a temporada, como revelou em entrevista à Ag Fight na semana que antecedeu o evento, destacou que este foi apenas o começo de sua ascensão. Ainda assim, o lutador, como bom mineiro, optou por manter o mistério sobre suas metas e seguir fazendo seu trabalho com discrição.
“Vou manter esses planos em segredo. Para quem viu essa luta e achou que isso é um terço, 10% ou 1% do plano que eu tenho, eu tenho planos muito mais ambiciosos do que essa luta. É muita loucura falar isso em público. Provavelmente eu vou virar motivo de chacota, então é melhor deixar em segredo”, finalizou o meio-médio.
No MMA profissional desde 2011, Warlley Alves acumula 14 vitórias e quatro derrotas em seu cartel. O mineiro chegou ao UFC em 2014, ao conquistar a terceira temporada da versão brasileira do reality show ‘The Ultimate Fighter’.
Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.