Entrevistas
Alexandre Pantoja analisa duelo contra Kai Asakura e celebra crossover entre UFC e Rizin
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por
Diego Ribas, em Las Vegas (EUA)
Há pouco mais de uma semana, Alexandre Pantoja teve sua próxima aparição no octógono do Ultimate oficializada, com o anúncio do duelo contra Kai Asakura. E apesar do confronto diante do estreante na organização ter pego os fãs de MMA de surpresa, o campeão peso-mosca (57 kg) da liga presidida por Dana White enxerga o embate como uma ótima oportunidade de alavancar a carreira e demonstrar seu potencial. Em entrevista exclusiva à equipe de reportagem da Ag Fight, o brasileiro opinou que o japonês é dono de um estilo inédito no atual plantel do UFC se considerados os atletas tops da categoria no momento.
Na visão de Pantoja, a tendência é que o combate programado para o UFC 310, no dia 7 de dezembro, em Las Vegas (EUA), seja um verdadeiro confronto de estilos. Afinal, Asakura ganhou notoriedade no Rizin por sua letalidade e variedade de golpes na trocação. Em contrapartida, o brasileiro reina como campeão do peso-mosca do Ultimate, dentre outros fatores, muito por conta de sua dominância na luta agarrada. Sendo assim, Alexandre enxerga com bons olhos suas chances de realizar uma nova defesa de cinturão bem-sucedida.
“Estou amarradão (para essa luta), é um nome muito bom para a gente. O Asakura traz para o UFC um jogo bem diferente do top 10, do que a gente tem. Ele entra trazendo essa coisa diferente lá do Japão, que costumamos ver no Rizin, os lutadores que movimentam mais, ágeis, mais jogo de striking, não tem tanto grappling. É um jogo bem interessante para mim. Essa luta é uma ótima oportunidade para quebrar algumas barreiras, alcançar pessoas que ainda não foram alcançadas. É uma ótima luta, um ótimo casamento de luta para mim. É um lutador que gosta de vir para a porrada, que se expõe, muitas vezes, para dar um show para a plateia e tudo mais. Então posso explorar bastante esse tipo de lutador”, projetou Pantoja.
Crossover entre UFC e Rizin
Um assunto que tem entrado cada vez em voga no MMA é a realização de eventos em parcerias entre companhias distintas, os denominados ‘crossovers’, onde os melhores atletas de cada liga se enfrentariam para definir qual organização detém os lutadores mais talentosos. Um modelo similar tem sido bastante debatido, inclusive, entre UFC e a recente junção de PFL e Bellator. Apesar do desejo dos fãs, o cenário é pouco provável, já que a alta cúpula do Ultimate não tende a ‘arriscar’ sua soberania de mercado.
Em contrapartida, Pantoja enxerga a contratação e designação de Asakura diretamente para um ‘title shot’ como uma espécie de crossover entre UFC e Rizin. Afinal, o striker japonês era o então campeão peso-galo (61 kg) da empresa asiática e se testará contra o detentor do cinturão dos moscas do Ultimate. Para além do âmbito esportivo, Alexandre também destaca o potencial comercial que o duelo possui, já que coloca frente a frente dois atletas soberanos nos mercados do ocidente e oriente.
“O que eu vejo é isso: o UFC fazendo esse ‘crossover’ que os fãs tanto pediam. ‘Ah, quero um crossover com o pessoal do Bellator, com a PFL’. UFC contra algum outro evento. E isso acabou de ser feito. O UFC foi lá e pegou o campeão do Rizin e trouxe para lutar contra o campeão deles. Isso é uma luta muito grande a ser feita. É a primeira (vez que acontece). Não sei se o UFC já pegou um campeão de outro evento e trouxe assim dessa forma para já lutar pelo cinturão. Pode ser a primeira de muitas. O Kai Asakura é um grande nome para a categoria, um striker muito bom e talentoso, joga muito bem as joelhadas (…) Quero fazer história. Estou muito feliz com o que está acontecendo. Levar ainda mais nosso nome para frente”, destacou o brasileiro.
Pantoja e Asakura fazem o ‘co-main event’ do UFC 310 – último evento numerado da temporada 2024, que será liderado por outra disputa de título: Belal Muhammad vs Shavkat Rakhmonov, valendo o cinturão dos meio-médios (77 kg). Favorito nas casas de apostas, o campeão peso-mosca do Ultimate detém 28 vitórias e cinco derrotas na carreira até então, enquanto o desafiante japonês é dono de um cartel com 21 triunfos e quatro reveses no MMA profissional.
Natural do Rio de Janeiro, Gaspar Bruno da Silveira estuda jornalismo na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Fascinado por esportes e com experiência prévia na área do futebol, começou a tomar gosto pelo MMA no final dos anos 2000.