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Esquiva Falcão aceita críticas, mas relata dificuldades na promoção de sua luta

No último sábado (29), Esquiva Falcão enfrentou Morramad Araújo no evento Boxing For You, em São Paulo (SP), e precisou de pouco mais de dois minutos de luta para nocautear o adversário, garantindo a 27ª vitória no, ainda invicto, cartel como boxeador profissional. O resultado positivo, no entanto, não eximiu o pugilista e a organização das críticas em razão da disparidade técnica entre o medalhista olímpico e seu oponente.

Ciente da insatisfação do público quanto ao seu combate, Esquiva publicou um vídeo em seu canal do ‘Youtube’ onde admitiu que gostaria de ter enfrentado um adversário de melhor nível técnico, especialmente considerando o patamar já alcançado em sua carreira, estando próximo de pleitear uma disputa por título mundial (veja abaixo ou clique aqui). Ao mesmo tempo, o pugilista relembrou que Morramad foi escalado de última hora por conta de uma lesão sofrida por Davi Eliasquevici, seu oponente original, e citou as dificuldades provocadas pela pandemia do novo coronavírus para a escolha de um rival ideal.

Por isso, o lutador fez questão de agradecer e enaltecer Morramad Araújo por ter aceitado o combate sem tempo de preparação, permitindo que o evento acontecesse. Esquiva ainda citou o momento difícil vivido pela nobre arte no Brasil para expôr os obstáculos enfrentados na hora de promover suas lutas, além de ressaltar a necessidade de se manter na ativa, em ritmo de combate, mesmo durante a pandemia.

“Eu estou feliz pelo resultado. Eu sei que muitos de vocês falaram mal do meu adversário, do adversário do Robson (Conceição). Na verdade, falando a realidade. Eu sei que era um adversário de nível diferente. Eu e o Robson estamos em um nível acima dos adversários contra quem a gente lutou. Eu entendo. Mas vocês também têm que entender que, no meio de uma pandemia, nós não podemos trazer adversários estrangeiros. E o que encontramos aqui no Brasil foram esses adversários, que aceitaram lutar. Eu ia lutar contra o Davi, mas ele machucou o nariz. E a Boxing For You, em menos de três dias, teve que correr atrás para buscar outro adversário. Procurou alguns, não encontrou, e o Morramad aceitou a luta. Para mim, ele foi um grande guerreiro, porque aceitar a luta, em uma pandemia, faltando três dias para o evento”, explicou Esquiva, antes de continuar.

“A nobre arte não pode parar. Se parar aqui no Brasil, morre. Vocês sabem como é no Brasil, não tem muito apoio, muita valorização. Estou muito feliz pela vitória, mas eu sei que o Morramad não foi um adversário de alto nível, não é adversário de cinturão do mundo, eu sei disso. Vocês não precisam criticar ou falar para mim, porque eu conheço meu nível e sei que eu estou em outro nível, que estou perto do cinturão mundial para enfrentar um adversário desse. Mas eu preciso lutar, preciso ficar na ativa, com distância, porque senão acaba. Então, qualquer luta ou sparring, eu tenho que participar. Obrigado a galera que torceu e para quem criticou também, eu recebo as críticas positivas e negativas, comigo não tem essa”, concluiu o boxeador.

Medalhista de prata nas Olimpíadas de Londres, em 2012, Esquiva Falcão compete no boxe profissional desde 2014 e ostenta um cartel sem derrotas de 27 vitórias, sendo 19 por nocaute. Antes da pandemia, o pugilista estava próximo de disputar um título mundial, mas viu seus planos serem atrapalhados pela crise mundial de saúde.

O Boxing For You contou ainda com a presença de Robson Conceição, medalha de ouro na Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016. Assim como Esquiva, o baiano venceu seu adversário, Eduardo Pereira dos Reis, sem muita dificuldade, por nocaute técnico no segundo assalto.

Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.

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