A indústria dos esportes de combate, cada vez mais, absorve o fator entretenimento como algo determinante para separar grandes lutadores de potenciais estrelas da modalidade. E Carlos Prates, mais do ninguém, parece estar ciente dessa dinâmica. Afinal de contas, o striker brasileiro pretende usar essa engrenagem a seu favor na principal liga de MMA do mundo. Aliando um estilo de luta empolgante e uma personalidade única que cativa os fãs fora do octógono, o atleta da ‘Fighting Nerds’ pode ter seu caminho até o cinturão dos meio-médios (77 kg) encurtado caso vença e convença no UFC 322 deste sábado (15), em Nova York (EUA).
Para ‘furar a fila’, porém, Prates precisa abraçar de vez a alcunha de ‘showman’ da categoria e protagonizar outro momento marcante – desta vez contra Leon Edwards, ex-campeão até 77 kg. O brasileiro sabe que um simples triunfo por pontos, por exemplo, não é capaz de fazer com que a alta cúpula do Ultimate se convença a lhe conceder o almejado ‘title shot’. Para ‘bagunçar’ a cabeça dos dirigentes e colocar seu nome na briga pelo posto de desafiante ao cinturão, o striker de Taubaté (SP) necessita do mesmo desfecho de suas cinco vitórias na companhia até então: nocaute.
“Venho falando que isso aqui é entretenimento. As pessoas pagam ingresso, o ‘PPV’, para ver o tipo de entretenimento que eu trago: é sangue, nocaute. Com certeza há caras que estão à frente no ranking, mas eles não trazem o espetáculo que as pessoas pagam para ver — e a culpa não é minha. Então acredito, sim, que, se eu nocautear de um jeito bom, ganhar de forma bonita do Leon Edwards, eu serei o próximo da fila (pelo título)” frisou Prates.
Concorrência acirrada pelo ‘title shot’
Rivais não faltam para pleitear o posto de próximo da fila pelo cinturão dos meio-médios. Atual número 9 do ranking, Prates pode subir para a quarta posição em caso de vitória sobre Edwards. Entretanto, ainda assim, estaria atrás de outros concorrentes. O mérito esportivo, porém, não é o único fator a ser analisado. E o brasileiro ganha força pelo ‘pacote completo’ que oferece para a companhia.
Boa parte dos concorrentes de Carlos também entram em ação no UFC 322. Atuais números 2 e 8 do ranking, Sean Brady e Michael Morales medem forças de olho no topo. No ‘main event’ da noite, o campeão Jack Della Maddalena encara o russo Islam Makhachev. No fim do mês, Belal Muhammad, líder do ranking, encara Ian Machado Garry, sexto colocado, em outro confronto que pode beneficiar o vencedor com um ‘title shot’. Ainda correm por fora o invicto Shavkat Rakhmonov e o ex-campeão Kamaru Usman, que, no momento, não possuem luta marcada.
Lutador fumante
Para além do desempenho esportivo acima da média, Carlos possui um carisma natural que atrai os fãs de maneira natural. E uma boa prova da personalidade rara do brasileiro é a “divulgação” de práticas teoricamente não condizentes com a rotina de um atleta profissional. Em suas redes sociais, o striker não esconde alguns de seus hábitos pessoais, como o consumo de bebidas alcoólicas, presença em festas e o vício em cigarros. Por mais paradoxal que possa parecer, essas características humanizaram Prates e o transformaram em um favorito dos amantes do esporte.
Pioneiro em dose dupla?
Caso confirme o favoritismo, vença, dê show e seja contemplado como o próximo desafiante ao cinturão, Prates pode fazer história em dose dupla no UFC. O striker tem potencial para se tornar o primeiro brasileiro campeão entre os meio-médios – única categoria masculina que o país ainda não conquistou um título. Além disso, o ‘Romário do MMA’ pode ser o primeiro ‘Nerd’ de sua equipe a se consagrar na entidade. Além de Carlos, a ‘Fighting Nerds’ conta com nomes de destaque no Ultimate como Caio Borralho, Jean Silva e Maurício Ruffy.
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