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Michel Pereira rouba a cena no media day do UFC Rio; confira as pérolas do Paraense Voador
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Gaspar Bruno, Neri Fung e Rodrigo Tannuri, no Rio de Janeiro (RJ)
Um dos astros escalados para entrar em ação no card do UFC Rio, que acontece neste sábado (4), na ‘Cidade Maravilhosa’, Michel Pereira roubou a cena no media day do evento. Com seu estilo caracteristicamente extrovertido, o ‘Paraense Voador’ abordou os mais variados temas e, sem sombra de dúvidas, foi o atleta que mais se destacou na cerimônia realizada na última quarta-feira (1º).
Bem-humorado, o lutador brasileiro soltou diversas pérolas ao longo dos mais de 20 minutos em que esteve no palco do media day do UFC Rio, provocando muitas gargalhadas em quem estava presente. No sábado, Michel Pereira entrará em ação no card principal da edição 301, sediada no Rio de Janeiro, para enfrentar Ihor Potieria, visando ampliar sua boa fase e alcançar a terceira vitória consecutiva desde que subiu para o peso-médio (84 kg). Confira abaixo os melhores momentos do ‘Paraense Voador’ na cerimônia.
Vingança contra Potieria
“Eu vi ontem o vídeo da luta dele com o Shogun, vi o momento em que ele nocauteou o Shogun e fez tipo uma dança. Ele já ganhou também do Michel Trator, que é paraense também. Então, eu sinto que é uma missão ganhar desse cara, porque toda vez ele vir aqui e torar os brasileiros está f*** (risos). Eu tenho que chegar e meter o louco nele. Porque se ele chegar e ganhar de mim, aí lascou, vai ser o ‘torador de brasileiro'”.
Treinos com Potieria
“Eu treinei com ele na Xtreme Couture, cheguei a fazer sparring com ele e foi legal. Eu acho que a nossa luta vai ser muito divertida, porque no sparring o miserável até uma queda me deu, uma queda bacana. Aí eu comecei a fazer minha zona também. Porque eu sou um cara muito tranquilo para treinar, e eu fui treinar com ele de boa, tranquilo, nem esperando nada. Moço, ele me deu um giratório por baixo, me deu uma queda, que eu falei: ‘Que bicho filho de uma égua’. Aí eu já mudei com ele, meti o louco nele também, já saí atravessando o tatame com ele, o pau comendo. Acho que nossa luta vai ser muito divertida”.
Falta de um rival mais expressivo
“Eu lutando com um cara do ranking ou não, eu estou ganhando o papel (dinheiro). Fiquei um ano e meio sem lutar, liso, agora que é hora de ganhar o papel, os caras: ‘Porra, Michel, os caras só põe você (para lutar) com c* de galinha’. Eu falo: ‘Ei, chefe. E quando eu estava liso?’. Eu tenho que lutar, amigo. Agora que é hora de fazer o dinheiro, você quer botar os caras picas para eu lutar. Aí você me quebra. Deixa eu lutar com os caras, moço. Vai chegar a hora de lutar com os tops da categoria. Agora, deixa eu ganhar o meu dinheiro. Quando eu estava liso você não veio me ajudar, não fez um pix (risos)”.
Dificuldade de encontrar rival
“Isso é direto. Veio um primeiro lutador, não aceitou, aí vem outro, lesionou. Foi por isso que eu passei um ano e meio (sem lutar). Foi por causa dessa viadagem desses caras. Eu não sei o que diabo esses bichos têm. Vê o Poatan. Lutou com o dedo estourado, com o dedo do pé quebrado. Os caras não podem quebrar uma unha que: ‘Ai, ai, eu não vou lutar’. Vão se lascar para lá”.
Luta contra Borrachinha
“Sou um funcionário do UFC, estou aqui para trabalhar. No final das contas, eu tenho que pagar minhas compras – comprei um iate agora, tenho que pagar. Então eu tenho que lutar. Não tem esse negócio de: ‘Ai, é brasileiro’. Eu não gosto de lutar com brasileiro, sempre falei. Se tem um bocado de gente – americano, meio mundo de cultura aí -, que diabo os caras querem botar logo eu com porra do (Paulo) Borrachinha? O Borrachinha, a gente sempre conversa. Não somos amigos, mas sempre que a gente se vê troca uma ideia. Mas o tanto de cara que tem, os caras queriam botar eu para lutar com o Borrachinha aqui”.
Comemoração de José Aldo no UFC Rio
“O Aldo está rico, (pode) perder um pouquinho quando pular (o cage). Porque dizem que agora quando pula, arrancam um papel da conta do cara. O Aldo está com dinheiro, está rico, então ele vai pular, não tem onda não. ‘Ah, vou tirar 10 mil da sua conta’. ‘Tira essa porra, eu vou pular e vou para a galera’. Se ele sempre fez isso, na minha opinião, ele deve fazer de novo. É que nem eu. O UFC me enche o saco porque eu salto de cima da balança. Como faz? Eu estou em cima da balança, vocês vão voar em mim e me segurar para eu não saltar? Eu vou (saltar), e aí? Cada um faz o que quer. O Aldo tem dinheiro para pagar se pular. Então, deixa ele. Tem que pular. Ainda mais aqui no Rio. Tem que pular. Se ele pular, eu quero até pular atrás dele (risos). ‘Ah, vou tirar 10 mil, 5 mil’. ‘Que tire essa porra, eu vou pular e acabou'”.
Morte do filho de Ngannou e polêmica Israel vs Palestina
“Nem sabia disso (morte do filho do Francis Ngannou), vixe. Que fumo ein! Tem os dois lados da moeda, que foi quando eu entrei com a bandeira de Israel. Foi mais ou menos por causa disso, por causa de criança. Hoje eu tenho um filho pequeno e eu falo para uns amigos: ‘Chefe, você não é nem homem ainda, é um menino. Você só vai ser homem quando tiver uma mulher para te encher o saco, um menino e contas’. O cara depois que tem filho muda muita coisa e entende o que é o amor. Para mim, você vai entender o que é amar uma pessoa se falar: ‘Caraca, uma pessoa morrer assim’. Para mim é o meu filho. Se morrer você vai saber o que é o amor de verdade. É uma dor que não tem como explicar. Eu nem sabia disso do Ngannou, meus pesâmes para ele, e em uma hora dessas não tem nem o que falar para o cara, porque é uma dor muito grande. Não gosto nem de pensar nesses trem. A galera da Palestina manda foto de criança morta para mim, aquela onda toda da guerra de Israel com eles. Sendo que eu levantei a bandeira de uma coisa porque quem começou foram os terroristas de lá para cá, para Israel. A minha questão é: parar com essa guerra. Porque morre criança, morre inocente, morre todo mundo. Meu negócio é acabar com a guerra. Não sou fã de guerra. Mas não tem dor pior do que um filho morrer”.
Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.