Entrevistas
Raoni Barcelos analisa dificuldade de enfrentar atletas ranqueados no peso-galo
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por
Diego Ribas, em Las Vegas (EUA)
A vida de Raoni Barcelos no UFC não está fácil. O brasileiro é considerado por parte dos fãs e da imprensa especializada como um dos principais representantes do MMA nacional, porém segue em sua busca por grandes lutas para integrar o top-15 do peso-galo (61 kg) da organização. O carioca mostrou ter conhecimento do status que possui no esporte e lamentou a demora para se consolidar entre os melhores da categoria.
Em entrevista exclusiva à Ag Fight (veja acima ou clique aqui), Raoni confessou que sempre encontrou dificuldade para achar oponentes em sua carreira. Ao mesmo tempo, o brasileiro não acusou os demais integrantes do peso-galo de estarem com medo. Pelo contrário, o carioca indicou que isso acontece por conta das posições no ranking. De acordo com Raoni, os integrantes do top-15 almejam enfrentar atletas bem posicionados na tabela e esquecem quem mira uma vaga na elite.
Essa não foi a primeira vez que Raoni reclamou da falta de oportunidades para encarar integrantes do top-15 do peso-galo e de sua pouca escalação no UFC. Em seu histórico na companhia, o brasileiro disputou cinco lutas, venceu todas, mas o único duelo que o aproximou da elite da categoria foi contra Said Nurmagomedov, realizado em 2019. De qualquer forma, o atleta, de 33 anos, decretou que seu auge no MMA ainda está por vir e indicou que espera alcançá-lo quando se tornar o desafiante número um da divisão.
“Arrumar adversário sempre foi difícil para mim. No UFC não é diferente. Não é pelo fato de eu estar mandando bem, ser perigoso, mas não seria interessante para certos lutadores. O cara que está no ranking não vai querer lutar comigo. Estando no ranking, fica mais fácil. Eu melhoro a cada luta, me sinto confortável. Não estou dizendo que sou o melhor, mas a galera não arrisca. Tenho que me mostrar. Posso contar nos dedos as lutas que faço com camp completo. Estou em uma fase boa, mas meu auge vai chegar”, analisou o lutador.
Originalmente, Raoni enfrentaria Raphael Assunção, integrante de longa data do top-15 do peso-galo, em fevereiro, mas o duelo foi cancelado porque o pernambucano teve problemas. Na sequência, o carioca testou positivo para a COVID-19 e saiu do combate contra o estreante Marcelo Rojo. Agora, o atleta não descarta remarcar o confronto contra o compatriota, porém já possui um novo alvo.
Sem titubear, Raoni citou Sean O’Malley como adversário ideal. ‘Sugar’ voltou ao caminho das vitórias ao nocautear Thomas Almeida e impressionou a comunidade do MMA pela atuação de alto nível no octógono. Inclusive, o próprio brasileiro elogiou o possível adversário. Apesar de expressar o interesse no encontro com O’Malley e citar o pedido de parte dos fãs para a realização do embate, Raoni está incerto quanto ao casamento da luta devido ao status que ambos possuem no peso-galo.
“Estou evoluindo a cada dia e espero a oportunidade do UFC me chamar para lutar contra qualquer um. Às vezes, quando foco muita em uma coisa, elas acabam não funcionando e acabo me lesionando. Tenho certeza que se jogarem qualquer atleta ranqueado, vou mandar bem. Quando fecharam a luta contra Assunção, foi festa aqui. Se o UFC quiser colocar essa luta de novo, ficarei feliz. Quero lutar contra os melhores e nunca neguei luta. Quero lutar no card principal, contra os top-10. Pode ser contra O’Malley. Essa é uma luta que todos querem ver. Tenho certeza que ele vai conseguir chegar”
“Ele tem um marketing bom, mas é um jogo que casa bem com o meu. Quero usar o meu wrestling. O público ganharia com essa luta. Acho que não me colocaria no ranking, mas valeria muito. Ele mostrou que é muito habilidoso e estou pronto para lutar com ele, usar meu wrestling e jiu-jitsu. Não podemos perder tempo. Se eu pudesse lutar contra todos, lutaria. A categoria se movimenta muito, tem um novo campeão. Acho difícil o UFC casar essa luta. Não seria interessante para ele lutar comigo, nem para o UFC. Somos duas promessas”, concluiu.
Raoni é filho do mestre Laerte Barcelos e pupilo de Pedro Rizzo. Além de contar com o apoio de personagens de peso do MMA brasileiro, o atleta ficou conhecido pelo seu bom nível no grappling e na trocação. O carioca iniciou sua trajetória no esporte em 2012, realizou 17 lutas, venceu 16, sendo dez pela via rápida, e perdeu apenas uma vez, em 2014.
Jornalista formado, especializado em MMA. Também acompanho boxe, boxe sem luvas, boxe de celebridades e WWE.