Sentimento comum em grande parte das mães, a aflição de ficar longe do primogênito pela primeira vez por um período longo de tempo pode ser encarado como algo instintivo, ainda mais em meio à crise mundial provocada pela pandemia do novo coronavírus. E com Mackenzie Dern não foi diferente.
Escalada para enfrentar Hannah Cifers na edição do próximo sábado (30) do Ultimate, que será sediada no UFC Apex, em Las Vegas (EUA), Mackenzie se viu obrigada a deixar a pequena Moa – que completará um ano de idade no dia 9 de junho – com seu esposo, o surfista Wesley Santos, na Califórnia (EUA), onde a família reside. Apesar da angústia inicial e da saudade da família, a peso-palha (52 kg) revelou, em entrevista exclusiva à reportagem da Ag. Fight, que conseguiu se acalmar, ao perceber que sua filha se adaptou bem à distância. Com isso, o foco da lutadora se volta completamente para retomar o caminho das vitórias e voltar para casa com um presente de aniversário para a primogênita.
“Acho que de tudo – seja em relação ao corte de peso, de saber se a luta vai acontecer, de entrar no avião com medo do coronavírus – a pior parte foi deixar minha filha pela primeira vez. Eu nunca tinha ficado longe dela mais de 24 horas e, de uma vez, vou ficar cinco dias. Meu coração apertou, mas eu estou conversando com ela todo dia, com meu marido. E ela está de boa sem mim (risos). Eu achei que ela ia sentir muita falta, e ela está muito tranquila”, revelou Mackenzie, antes de completar.
“Essa noite eu dormi muito mal, mas acho que agora eu vou conseguir dormir bem, sabendo que ela está de boa sem a mamãe. Eu queria muito ter trazido ela, mas eu sei que ela está mais segura lá e isso é o que importa. Agora é fazer o meu trabalho e, se Deus quiser, voltar com uma vitória para a minha família”, destacou a lutadora.
Para conquistar a vitória e levá-la na bagagem como presente de aniversário para a filha, Mackenzie precisará superar a adversária e a experiência de lutar sem público pela primeira vez na carreira. Acostumada ao barulho da torcida, a americana – que representa o Brasil por ter dupla nacionalidade – vê na possibilidade de ouvir as instruções d córner da oponente uma vantagem para ela, especialmente por falar inglês e portugues, ao contrário de Hannah Cifers, que não conseguirá entender os recados passados pelos treinadores de Dern.
“Eu acho que vai ser muito diferente. Eu nunca passei por isso, só nos sparrings mesmo, porque às vezes o sparring parece luta (risos). Mas eu acredito que vai ser uma loucura. Eu sempre lutei melhor com público, com luzes, câmeras, todas essas coisas. Estou ansiosa para ver como vai ser. Acho que eu vou estar mais conectada com minha adversária, escutando o córner dela, os meus córners, os comentaristas”, comentou a lutadora peso-palha, antes de projetar uma vantagem durante a luta pela falta de público.
“Vai ser uma vantagem muito maior para mim do que para ela porque eu falo duas línguas, português e inglês. Só o meu coach de wrestling que é americano, mas ele entende português. Eu acho que ela não fala português. Então, o fato de eu falar português e inglês vai me fazer escutar qual a ideia (de luta) deles e conseguir esconder um pouco a nossa estratégia. Não que eu precise esconder que a minha estratégia é levar para o chão (risos). Mas em momentos específicos da luta”, concluiu Dern.
Com uma trajetória de sucesso no jiu-jitsu e no grappling, Mackenzie Dern estreou no MMA profissional em julho de 2016. Após vencer todas as suas sete primeiras lutas na modalidade, a peso-palha acabou derrotada por Amanda Ribas no UFC Tampa, em outubro do ano passado, perdendo a invencibilidade na carreira.
Confira o card completo do UFC Las Vegas:
Tyron Woodley vs Gilbert ‘Durinho’
Blagoy Ivanov vs Augusto Sakai
Billy Quarantillo vs Spike Carlyle
Roosevelt Roberts vs Brok Weaver
Mackenzie Dern vs Hannah Cifers
Katlyn Chookagian vs Antonina Shevchenko
Gabriel Green vs Daniel Rodriguez
Jamahal Hill vs Klidson Abreu
Tim Elliott vs Brandon Royval
Louis Smolka vs Casey Kenney
Chris Gutiérrez vs Vince Morales
Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.