A pandemia do novo coronavírus já obrigou o Ultimate a adiar três eventos e colocou em dúvida a realização de outros programados para o futuro próximo, como o UFC 249, que originalmente foi agendado para o dia 18 de abril, no Brooklyn (EUA), sede esta que já foi descartada como opção pelas autoridades locais. Ainda que não tenha um novo local confirmado, Dana White, presidente da liga, insiste em afirmar que o evento será promovido na data marcada previamente, indo de encontro com as previsões pessimistas da esmagadora maioria de especialistas políticos e da área de saúde, que estipulam mais alguns meses até que a situação esteja controlada em âmbito global.
Quem compartilha deste pensamento mais conservador no que diz respeito à realização de eventos esportivos é Gilliard ‘Paraná’, líder da PRVT, equipe da ex-campeã peso-palha (52 kg) Jéssica ‘Bate-Estaca’ Andrade, que tem seu próximo compromisso no octógono agendado justamente para o dia 18 de abril, no UFC 249, contra Rose Namajunas. Em entrevista exclusiva à reportagem da Ag. Fight, o treinador ressaltou que, apesar de estar ciente dos rumores de uma possível realocação do show para Abu Dhabi (EAU), considera que a solução ideal seria aguardar até que a pandemia de coronavírus fosse controlada para que o Ultimate voltasse a realizar suas edições.
Preocupado com a rápida propagação da doença e atento às recomendações para o combate da mesma, ‘Mestre Paraná’ revelou ainda que fechou a academia da PRVT há mais ou menos uma semana e aconselhou seus atletas a seguir as medidas de isolamento social a fim de evitar a contaminação pelo coronavírus. Como o compromisso de Jéssica ‘Bate-Estaca’ no UFC 249, em teoria, segue confirmado, o treinador contou que a ex-campeã tem a ajuda de Bruna Brasil, sua companheira de equipe e que foi acolhida por ela em sua casa, para tentar continuar seus treinamentos de preparação de alguma forma.
“Sou a favor de todos ficarem em casa até tudo isso passar! A notícia que eu tive é de que vai ser realizado (o UFC 249), mas eu acredito que não vai ter. Ouvi falar que poderia ser em Abu Dhabi. Eu acho que a melhor solução seria não fazer agora e esperar tudo isso passar. Fechamos a academia há uma semana mais ou menos. Assim que as autoridades tomaram as medidas e pediram para seguirmos em quarentena, pedi a todos para que parassem os treinos. A única pessoa que segue treinando é a Jéssica Andrade, em casa”, comentou ‘Paraná’, antes de descrever como ficou a preparação de Jéssica ‘Bate-Estaca’ com a academia fechada.
“Ela está treinando com outra menina da equipe (Bruna Brasil) que foi levada para sua casa. A preparação está sendo feita da maneira que estamos achando prudente e, com certeza, a rotina mudou muito. Mas vamos tentar fazer o melhor possível. A Jéssica está fazendo a preparação física e tentando fazer os treinos com todas as modalidades, com uma parceira apenas, na casa dela”, contou o líder da PRVT, equipe com base em Niterói (RJ).
Outra lutadora da PRVT afetada pelas mudanças no cronograma do Ultimate em razão da pandemia de coronavírus foi Karol Rosa. A lutadora peso-galo (61 kg) enfrentaria a americana Julia Avila no UFC Portland, marcado originalmente para o próximo dia 11 de abril, mas o evento foi um dos adiados pela organização. Sem uma definição sobre quando o combate de sua pupila será remarcado, Gilliard ‘Paraná’ contou que a capixaba também se isolou em casa em quarentena.
“A Karol (Rosa) está sem treinar. Ela está de quarentena (em casa), não sabemos o que vai acontecer em relação a ela. Eu acho que só vamos ter uma posição (do UFC) depois que tudo isso passar”, ressaltou o treinador.
O duelo entre Jéssica ‘Bate-Estaca’ e Rose Namajunas, caso aconteça, trará o reencontro entre duas velhas conhecidas. No primeiro confronto entre elas – em maio de 2019-, a brasileira levou a melhor ao nocautear a americana de ascendência lituana e conquistar o cinturão peso-palha do UFC, o qual manteve até sua primeira defesa de título, quando foi superada pela chinesa Zhang Weili. A vencedora desta peleja pode se reaproximar de uma chance de lutar novamente pela cinta até 52 kg do Ultimate.
Nascido em Niterói (RJ), Neri Fung é jornalista e apaixonado por esportes desde a infância. Começou a acompanhar o MMA e o mundo das lutas no final dos anos 90 e começo dos anos 2000, especialmente com a ascensão do evento japonês PRIDE.